Via sacra da ressurreição | Paulus Editora

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15/04/2024

Via sacra da ressurreição

Por Darlei Zanon

No último artigo que publicamos nesta sessão, falei sobre a importância da Via Crucis, o caminho da cruz. Hoje gostaria de apresentar a você a continuação histórica, litúrgica e espiritual da Via Crucis, que é a Via Lucis, ou Via sacra da ressurreição. Já ouviu falar ou já celebrou esta Via sacra na sua comunidade?

A Via Lucis é uma tradição muito mais recente do que a Via Crucis. Trata-se de uma crescente devoção à contemplação, que foi reconhecida oficialmente pela Igreja Católica apenas no ano 2001, com o Diretório sobre piedade popular e Liturgia. O número 153 do Diretório reconhece que “em várias regiões, difundiu-se um piedoso exercício chamado Via Lucis. Nela, como acontece na Via Crucis, os fiéis, percorrendo um caminho, consideram as várias aparições em que Jesus – da Ressurreição à Ascensão, na perspectiva da Parusia – manifestou a sua glória aos discípulos que esperavam o Espírito prometido, confortou a fé deles, completou os ensinamentos sobre o Reino, definiu ainda mais a estrutura sacramental e hierárquica da Igreja. Através do piedoso exercício da Via Lucis, os fiéis recordam o acontecimento central da fé – a Ressurreição de Cristo – e a sua condição de discípulos que no Batismo, sacramento pascal, passaram das trevas do pecado à luz da graça.”

A Via Lucis, portanto, é uma prática de piedade altamente recomenda durante o Tempo Pascal e todos os domingos do ano que estejam estreitamente ligados a Cristo ressuscitado. Isso porque, através da sua meditação, continuamos Caminhando com Cristo: depois da dor, a esperança; depois da morte, a ressurreição; depois do sofrimento e do medo, a alegria e a exultação; depois da CRUZ, a LUZ.

De modo análogo à Via Crucis (o Caminho da Cruz), a Via Lucis (o Caminho da Luz) é composta por 14 estações. E se na Via Crucis recordávamos 14 momentos de dor de Cristo rumo ao Calvário, na Via Lucis meditamos 14 estações de amor. Nela acompanhamos Jesus Cristo triunfante, desde a Ressurreição até ao Pentecostes, segundo os relatos dos Evangelhos, incluindo também a vinda do Espírito Santo porque, como diz o Catecismo da Igreja Católica: “No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a infusão do Espírito Santo que se manifestou, se deu e se comunicou como pessoa divina: da sua plenitude: Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito.” (CIC 731)

A PAULUS Editora apresenta o itinerário da Via Lucis na obra “Jovens com Cristo: No caminho da Ressurreição”. Ali podemos compreender melhor a importância de acompanhar o Cristo ressuscitado, pois, como recorda novamente o Diretório sobre a piedade popular: “a Via Lucis, desde que realizada com fidelidade ao texto evangélico, pode mediar eficazmente a vital compreensão dos fiéis do segundo momento da Páscoa do Senhor, a Ressurreição. A Via Lucis também pode se tornar uma excelente pedagogia da fé, porque, como dizem, ‘per crucem ad lucem’ (pela cruz a luz). Com efeito, com a metáfora do caminho, a Via Lucis conduz da realidade da dor e do sofrimento, que no desígnio de Deus é um elemento passageiro da vida, à esperança de alcançar a verdadeira meta do ser humano: a libertação, a alegria, a paz, que são valores essencialmente pascais.”

O modo de rezar também se assemelha à Via Crucis, compreendendo anúncio da estação, texto bíblico (contextualização), meditação (reflexão, provocação) e oração. As estações são: 1ª A Ressurreição, 2ª Sepulcro vazio, 3ª Vi o Senhor!, 4ª No caminho de Emaús, 5ª A Refeição de Emaús, 6ª No Cenáculo, 7ª O Perdão, 8ª A Dúvida, 9ª A pesca grandiosa, 10ª A Rocha, 11ª A Missão, 12ª O Regresso ao Pai, 13ª A espera do Espírito, 14ª O Dom do Espírito Santo.

Ao longo do Tempo Pascal, que se estende até o Pentecostes, neste ano a ser celebrado no dia 19 de maio, temos na meditação da Via Lucis uma excelente forma de oração e piedade, que nos permite compreender ainda mais a beleza e profundidade do Mistério Pascal, central na nossa fé. Em uma sociedade marcada pela dor, pela morte e tantos conflitos que configuram uma “cultura da morte”, recordar o “caminho da luz” de Cristo é um estímulo e força para a nossa fé e vida cristã, que deve ser sempre determinada pela “cultura da vida”, pela esperança e pelo amor.

Boa oração!

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