Pentateuco 11. Deuteronômio – 1 | Paulus Editora

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16/11/2016

Pentateuco 11. Deuteronômio – 1

Por Nilo Luza

O título Deuteronômio (segunda lei) foi dado pela Bíblia Grega (Septuaginta). É formado por diversos discursos colocados na boca de Moisés (capítulos 1-30), espécie de testamento espiritual pronunciado antes de sua morte. O livro é fruto de longo e complexo processo redacional. O conjunto é formado principalmente por redações deuteronomistas, mas encontramos também passagens das escolas javista, eloísta e sacerdotal, principalmente a partir do capítulo 31.

O rei Josias (640-609 AC) manda fazer a restauração do templo de Jerusalém e, no curso do trabalho, o sacerdote Helcias encontra (622) o “livro da lei”, que foi lido diante de todo o povo. Esse “livro da lei” é considerado o primeiro esboço do Deuteronômio. Provavelmente tenha sido escrito em Jerusalém, reflete, porém, as tradições do reino do norte (Israel) e composto após a queda da Samaria (722 AC). A partir de 622 AC, passa a servir de lei para o povo. O livro do Deuteronômio foi concluído no período do exílio na Babilônia.

Embora fazendo parte do Pentateuco, o Deuteronômio se diferencia muito dos outros quatro livros do bloco. Ele tem sua peculiaridade, pequenos detalhes que o diferenciam.

Podemos distinguir três partes principais na composição do livro: os fatos, a memória e a composição. Os fatos narrados no Deuteronômio vão praticamente logo depois da saída do Egito até às vésperas da entrada na Terra Prometida, em torno de quarenta anos (1240-1200 AC). Esses fatos estão sintetizados nos discursos de Moisés ao povo hebreu. Moisés avalia com o povo esses anos de caminhada e, no fim de sua vida, conclama o povo para a fidelidade a Deus.

A memória trás a lembrança de Moisés falando séculos antes dos acontecimentos da queda da Samaria (722 AC), reino do norte, e a queda de Jerusalém (587 AC), reino do sul, seguida da deportação para a Babilônia. Esses séculos de crises e tentativas de reformas levou o povo de Deus a relembrar o seu passado e reconhecer que seu Deus é um Deus que ama e não abandona seu povo.

A composição do Deuteronômio acontece praticamente em Jerusalém. Com a queda da Samaria, muitos levitas fugiram para o reino do sul, Judá. Com a experiência que tinham da vivência no reino do norte, deram sua contribuição ao rei Ezequias, que desejava fazer uma reforma, diante do medo de acontecer, no sul, o que aconteceu no norte. Essa realidade fez com que as tradições do norte fossem guardadas e servissem ao sul para incentivar o povo à fidelidade ao espírito da aliança. Esses escritos são, provavelmente, o começo da tradição deuteronomista, à qual pertence o Deuteronômio.

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