61. Carta aos Gálatas | Paulus Editora

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12/03/2024

61. Carta aos Gálatas

Por Nilo Luza

Os gálatas eram um povo celta ou gaulês que havia migrado no século 4º a.C., da Gália para a Ásia Menor, fixando-se no território que circundava Ancara, capital da Turquia ao sul do Mar Morto. Mais tarde, a Galácia tornou-se província romana durante o governo de Augusto. Os gálatas eram gentios, isto é, não pertenciam ao povo judeu. Sua população é uma mistura de vários povos, com pequena porcentagem de judeus. Era um povo campesino, mais que citadino. No tempo de Paulo, a província abrangia uma área muito grande. Era famosa por seus mercados de escravos. Talvez por isso, Paulo acentua os aspectos da escravidão e da liberdade na Carta aos Gálatas. Os gálatas adotavam as superstições e a mitologia grega. A carta dá a entender que era um povo receptivo e hospitaleiro.

Na sua segunda viagem, Paulo passou pela região da Galácia, fundando comunidades, depois visitadas durante a terceira viagem. Um grupo de tendência judaizante, ligado à comunidade de Jerusalém, atacava a doutrina de Paulo e tentava impor aos gálatas as leis hebraicas, principalmente a circuncisão. Ainda mais, acusava Paulo de não ser apóstolo por não pertencer ao grupo dos doze.

Paulo escreveu a Carta aos Gálatas durante a terceira viagem missionária, por volta de 57 a.C., provavelmente de Éfeso. Gálatas é a quarta das grandes cartas paulinas, junto com Romanos e 1 e 2 Coríntios. Podemos dizer que os temas centrais da Carta aos Gálatas são a justificação pela fé e a liberdade em Cristo. Nesta carta, Paulo é muito duro contra os gálatas, escreve-lhes a mais dura das cartas paulinas, mostra o caráter forte e apaixonado do apóstolo. Podemos dividir a Carta aos Gálatas em três partes, antecedidas por uma introdução e seguidas de uma conclusão.

Introdução (Gl 1,1-5): Paulo se considera apóstolo graças a Jesus Cristo. Com muita ênfase defende sua vocação e a missão divina. A seguir saúda os gálatas com a graça e a paz. Inclui, como remetentes, também os irmãos que o rodeiam.

1. Evangelho de Paulo (Gl 1,6-2,21): Paulo chama a atenção dos gálatas de que estão abandonando o evangelho por ele pregado, desviando-se para outro evangelho que leva à escravidão. Não existe outro evangelho, diz Paulo, e maldito aquele que anuncia outro evangelho. Ele cita o exemplo de sua vida. Fala do concílio de Jerusalém, que foi sinal de unidade. Fala do conflito que teve com Pedro, chamando-o de hipócrita. Conclui com a bela declaração: “é Cristo que vive em mim”.

2. A fé liberta e a lei escraviza (Gl 3,1-4,11): Paulo considera os gálatas sem juízo. São filhos de Abraão aqueles que têm fé e serão abençoados junto com Abraão. A lei não justifica, o justo vive pela fé. Podemos dizer que o centro da carta está a convicção de Paulo (Gl 3,28), segundo a qual não há mais barreiras entre as pessoas e os povos

3. Da escravidão à liberdade (Gl 4,12-6,10): Paulo foi recebido com muito carinho pelos gálatas por ocasião de uma enfermidade do apóstolo. Lembra os dois filhos de Abraão: o da mulher livre (Sara/Isaac) e o da escrava (Agar/Ismael). Os gálatas representam o filho da livre, herdeiro da promessa. Os cristãos são pessoas novas guiados pelo Espírito. Faz distinção das obras da carne e as do Espírito. O amor fraterno consiste em carregar os fardos uns dos outros. A liberdade, para Paulo, não é individualismo, mas solidariedade.

Conclusão (Gl 6,11-18): Escrevendo do próprio punho, Paulo chama a atenção daqueles que se vangloriam da carne (circuncisão), ele se vangloria da Cruz de Cristo. Enquanto os adversários trazem o sinal da circuncisão, Paulo traz as marcas de Jesus.

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