75. Segunda Carta de Pedro | Paulus Editora

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09/05/2025

75. Segunda Carta de Pedro

Por Nilo Luza

A Segunda Carta de Pedro demorou para ser aceita como livro inspirado. Ela tem muitas diferenças de vocabulário, linguagem e conteúdo em relação à Primeira. Isso revela que as duas provavelmente não tenham o mesmo autor. O autor desta Carta pertence já à terceira geração. Portanto, trata-se de uma pseudoepigrafia, ou seja, o autor dedicou o escrito a Simão Pedro, apóstolo de Jesus Cristo.

A Carta é dirigida às comunidades helenistas que já têm uma boa caminhada de uns cinquenta anos e há o perigo de divisões dentro delas. Ela revela o início da sistematização da doutrina e propõe estudo da Palavra de Deus para superar os conflitos internos. Para o autor, a Escritura é uma luz que brilha em lugar escuro.

Retoma um pouco o pensamento da Carta de Judas, revelando que a Sagrada Escritura oferece exemplos da punição de Deus aos ímpios e mostrando-se a favor da libertação para quem age de acordo com a justiça. A Carta se preocupa com a sã doutrina revelada pela Sagrada Escritura, principalmente dos profetas. Tem em mente o desânimo dos cristãos que estão desanimados por causa da demora da vinda do Senhor.

A Segunda Carta de Pedro mostra, de diversas formas, que o passar do tempo vão surgindo novos desafios para as comunidades cristãs. Nos inícios da era cristã, a força da novidade e a espera pela volta do Senhor davam sentido à vida. No tempo da redação da carta, a época de Jesus e seus seguidores já ficaram para trás, e apresenta o perigo da rotina e do desânimo. O autor propõe não esquecer o alicerce e a luz que as palavras dos profetas oferecem.

Quanto ao local da redação, uns se posicionam por Alexandria, alguns propõem Roma, outros ainda em algum lugar da Ásia Menor, talvez Éfeso. Se não for o último, é um dos últimos escritos do Novo Testamento. É bem posterior à Primeira Carta de Pedro. Provavelmente tinha sido escrita no início do segundo século da era cristã. Podemos esquematizar a Segunda Carta de Pedro da seguinte maneira.

1. Saudação inicial (2Pd 1,1-2): O autor se apresenta com o nome de Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo. A seguir apresenta a saudação para que a graça e a paz sejam abundantes.

2. Exortações (2Pd 1,3-21): Ao conhecer Jesus Cristo, Deus nos fez participantes da sua natureza divina. Com isso, devemos abandonar as atitudes egoístas e cultivar as virtudes. Como que se despedindo, o autor se identifica com Pedro, recordando momentos de sua convivência com Jesus. Ele reforça o interesse pela Tradição, Deus fala pelas profecias dos profetas.

3. Os falsos mestres (2Pd 2,1-22): O autor alerta que surgirão falsos mestres no interior da comunidade, que procurarão desviá-la como aconteceu no passado com os falsos profetas. Ele procura recuperar personagens do passado para apresentá-las como modelo a seguir ou rejeitar. Em seguida, apresenta exemplos de comportamento dos ímpios.

4. A volta de Cristo (2Pd 3,1-16): Naquele tempo, muitas comunidades aguardavam a volta do Senhor. A demora da sua volta é motivo de preocupação de muitos, por outro lado motivo de zombaria por parte de outros. O agir e o pensamento de Deus nem sempre correspondem aos nossos desejos. A demora na vinda pode ser momento de conversão. O autor propõe alimentar a esperança num novo céu e numa nova terra. O sonho e a espera por um “novo céu e nova terra” deve ser o empenho por uma vida pautada pela justiça.

5. Conclusão (2Pd 3,17-18): O autor faz um apelo para que a comunidade resista aos apelos dos falsos mestres que podem comprometer o conhecimento de Jesus Cristo, a ele pertence a glória, agora e até a eternidade.

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