60. Segunda Carta aos Coríntios | Paulus Editora

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21/02/2024

60. Segunda Carta aos Coríntios

Por Nilo Luza

Sobre a cidade de Corinto já vimos na primeira Carta aos Coríntios. Mas é bom relembrar alguns aspectos, tais como: na época a cidade tinha em torno de 500 mil habitantes, dos quais em torno de dois terços eram escravos. Foi destruída pelos romanos em 147 a.C. e reconstruída com grande esplendor em 45 a.C. Em Corinto existiam muitos templos dedicados aos deuses gregos (Apolo, Atenas, Afrodite). No templo de Afrodite se praticava a prostituição sagrada. Havia várias escolas filosóficas (principalmente dos cínicos e estoicos). Era grande centro comercial que comercializava principalmente objetos de bronze. Possuía dois portos (Laqueu e Cencreia) que facilitavam o comércio.

Paulo fez uma segunda viagem à comunidade de Corinto, para resolver alguns problemas e foi injuriado por algum membro. Surgiu em Corinto um grupo de rivais que questionam a autoridade de Paulo. A Carta trata da missão do apóstolo, ministro da reconciliação realizada por Cristo, cumprimento das promessas. Nesta Carta encontramos o conflito ente Paulo e os “superapóstolos”, vindos de Jerusalém. Tito é enviado como mediador do conflito. Trata dos “falsos apóstolos” presentes na comunidade. Por seus problemas, parece que a comunidade de Corinto foi a que mais recebeu atenção e cuidados do apóstolo.

Parece que a segunda Carta aos Coríntios seria uma espécie de “coleção de cartas” enviadas aos coríntios, que acabaram sendo agrupadas formando a Carta que conhecemos. O motivo dessas diversidades de cartas seriam as mudanças de temáticas e de estilos. Outro aspecto é o esclarecimento de mal-entendidos entre o apóstolo e a comunidade. A segunda Carta aos Coríntios teria sido organizada e escrita em Éfeso por volta de 57 a.C. Podemos dividir a segunda Carta aos Coríntios em três partes, antecedidas por breve introdução e seguidas por breve conclusão.

Introdução (2Cor 1,1-11): Apresenta uma saudação aos destinatários, seguida de uma ação de graças, pela consolação dos apóstolos em meio a tribulações.

1. Conflitos com os coríntios (2Cor 1,12-7,16): Paulo trata da a) viagem a Corinto (2Cor 1,12-2,17): mas que acabou não acontecendo, não cumpriu a promessa. b) Seu ministério apostólico (2Cor 3,1-6,10): para Paulo, a comunidade é para ele carta de recomendação. Seu ministério é dom e responsabilidade. É Deus que confere o ministério e não nasce das condições humanas. As tribulações não o desanima. Na lógica da cruz manifesta-se o poder de Deus. c) Apelo e consolação (2Cor 6,11-7,16): chama à fidelidade e ao não envolvimento com os ídolos. Os coríntios acolheram Tito com hospitalidade e se arrependeram de suas atitudes contra Paulo. Com isso, devolveu o ânimo e a coragem a Paulo.

2. Coleta para a comunidade de Jerusalém (2Cor 8-9): Paulo motiva os coríntios a se solidarizarem com os pobres da comunidade de Jerusalém. Na partilha manifesta-se o dom de Deus que distribui tudo generosamente para todos. Deus ama quem doa com alegria.

3. Defesa polêmica de Paulo (2Cor 10,1-13,10): Paulo a) responde às acusações (2Cor 10): as consequências da desobediência e a autoridade de Paulo como fundador da comunidade. Seus adversários espalham difamações e os coríntios tomam o partido deles. b) Revela seu apostolado (2Cor 11,1-12,18): Paulo fala como um insensato e se gloria de si mesmo: de seus sofrimentos e suas fraquezas. A força se cumpre na fraqueza. Seu ministério é gratuito. Por fim, fala da c) terceira viagem a Corinto (2Cor 12,19-13,10): Paulo recomenda aos coríntios se examinarem e avaliem o próprio modo de pensar. A questão do apoio financeiro e os coríntios precisam se corrigir e chegar à maturidade.

Conclusão (2Cor 13,11-13): Paulo convoca a comunidade para a unidade e vivam a paz. Conclui com a saudação e a fórmula trinitária, utilizada ainda nas liturgias de hoje.

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