63. Carta aos Filipenses | Paulus Editora

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06/05/2024

63. Carta aos Filipenses

Por Nilo Luza

Filipos é uma cidade situada na Macedônia, perto do mar Egeu e da ilha de Tasos. Rei da Macedônia e pai de Alexandro Magno, Filipe II a conquistou dos trácios e lhe deu seu nome. Sua população era formada principalmente de veteranos romanos. Poucos judeus residiam em Filipos, tanto que não havia lá sinagoga. Filipos e arredores eram importantes pelas suas minas de ouro e o solo fértil favoreceram a economia local. O poder político era controlado pela aristocracia, principalmente pelos latifundiários. Havia muita escravidão. Na época da visita de Paulo, era uma colônia romana desde 148 a.C. fundada por Augusto, recebendo o nome de Colônia Augusta Julia Filipenses. Havia na cidade muitas divindades: Atenas, Júpiter, Cibele, Isis entre outras. Na segunda viagem missionária, Paulo e Silas foram presos em Filipos.

Foi na comunidade de Filipos que o evangelho chegou pela primeira vez na Europa. Paulo pregou e organizou a comunidade por ocasião da sua segunda viagem missionária, por volta de 50 d.C. Paulo visitou novamente a cidade em sua terceira viagem, por volta de 57 d.C. Nestas visitas à cidade de Filipos, o apóstolo procurava animar a comunidade ali estabelecida. Provavelmente a comunidade iniciou na casa de Lídia, natural de Tiatira na Ásia Menor e negociante de púrpura. Nasce assim a “igreja doméstica” chefiada por uma mulher. Paulo via a comunidade de Filipos com muito carinho, pois ela foi muito atenciosa para com as necessidades do apóstolo.

Os cristãos de Filipos são gratos a Paulo pela fé que receberam dele. Duas vezes a comunidade auxiliou Paulo em suas dificuldades, enviando-lhes dinheiro quando estava na Acaia e preso em Roma (Fl 2,25-30; 4,15-16). A alegria e a gratidão permeiam praticamente a carta toda. Segundo os estudiosos, a Carta aos Filipenses seria um agrupamento de três pequenas cartas ou formada por três pequenos bilhetes, escritos em breve intervalo de tempo.

A Carta aos Filipenses é uma carta autêntica de Paulo e uma das “Cartas do Cativeiro”, durante as prisões de Paulo. Provavelmente foi escrita em Éfeso, durante sua prisão pelo ano 55 a.C. A Carta é o anúncio de Jesus encarnado nas realidades humanas mais sofridas, seguindo o exemplo da Cristo (Fl 2,6-11). Podemos esquematizar a Carta da seguinte forma:

Introdução e agradecimento (Fl 1,1-11): A carta tem em mente os cristãos e os dirigentes da comunidade. A seguir, Paulo mostra seu afeto pela comunidade.

Exortação à comunidade (Fl 1,12-2,18): Paulo se mostra feliz por estar preso por causa do evangelho. Convida a não proclamar o evangelho com inveja, rivalidade e competição, mas de boa vontade e com amor. Ele está num dilema: permanecer com a comunidade ou morrer para estar com Cristo. É necessário comportar-se de forma digna do evangelho. A seguir apresenta um belo hino cristológico, que apresenta a trajetória de Jesus. No meio de uma comunidade pervertida, precisa muita firmeza para se manter íntegros e puros.

Advertência contra os judaizantes (Fl 3,1-4,1): Três aspectos podem ser lembrados: os adversários judaizantes (Fl 3,2-3) que ele chama de cães, maus operários e os mutilados; autoelogio (Fl 3,4-16): Paulo se apresenta como judeu autêntico, fala do seu passado e a graça de Deus atua nele; imitação (Fl 3,17-21): Paulo se apresenta como modelo a ser seguido e, chorando, recrimina os inimigos defensores da circuncisão e negam a cruz salvadora.

Exortações e agradecimentos (Fl 4,2-20): Paulo agradece aos seus colaboradores e convida à alegria: alegrem-se sempre no Senhor. Que a bondade de seus colaboradores se torne conhecida por todos. Agradece novamente os auxílios recebidos

Conclusão (Fl 4,21-23): Saudações finais a todos os filipenses que se uniram a ele. Conclui com um hino de louvor.

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