Dia 9 – DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
Dia 9 – DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DO LATRÃO

TEMPLOS DE DEUS

“Casta, a mente vença tudo / que os sentidos pedem tanto; / vosso Espírito guarde puro / nosso corpo, templo santo.” Era cedinho, os raios do sol faziam ver seus primeiros reflexos entre as árvores e sobre as casas. O corpo ainda no processo de desapertar, a voz querendo acordar, e a boca pronunciava a prece matutina. A prece de laudes, ou louvores da manhã. O louvor em forma de súplica, em que se pede ao Espírito guardar puro o corpo. O corpo é tudo o que temos e somos.

Deus se fez um de nós em Jesus Cristo. Por amor, ele veio ao mundo na condição humana e experimentou em carne e osso o drama da humanidade. Por isso nada que seja humano é estranho ao nosso Deus. No corpo do Filho de Deus encontramos o sentido e a plenitude para o nosso próprio corpo.

Essa compreensão deve falar forte aos nossos ouvidos e coração. Como considerar o tema do corpo numa sociedade caracterizada pela profanação da dignidade humana? As evidências dessa profanação estão nas múltiplas marcas da violência estampadas no noticiário e não raras vezes assistidas ao vivo.

Dizer que somos os templos de Deus é não concordar com o ódio. Nenhum tipo de ódio. A vida pede amor, e em nós mora a divindade. Todo ódio gera violência. E a violência mancha e destrói o projeto de Deus, que é vida plena para todos.

Dizer que somos os templos de Deus é denunciar o sistema de morte que fere corpos e enlouquece almas. Vivemos em uma época em que o corpo é ostentado ao mesmo tempo em que é oprimido. Para Deus, todo corpo é bonito. O corpo é obra de suas mãos. Tudo o que ele fez é bonito.

Dizer que somos os templos de Deus é denunciar o sistema que permite corpos morrerem de fome, enquanto outros esbanjam finas iguarias. Os corpos que morrem de sede ou vítimas de águas contaminadas pelos que só pensam no progresso e no dinheiro. Os corpos das crianças que morrem nas guerras e nos conflitos familiares. Os corpos dos que morrem na solidão, no abandono, desprezados por causa da idade, da etnia, da orientação sexual… São tantos corpos humanos feridos em sua dignidade e sacralidade.

Cremos no Deus que se encarnou por amor ao ser humano e à totalidade de sua criação. É nosso dever esforçar-nos para que todos tenham vida em seus corpos, nos quais habita a divindade. Onde há violação da dignidade humana, há também violação do que é divino, há profanação. Nosso corpo é morada de Deus, é santo.

Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

Assinar