BEM-AVENTURADOS OS POBRES. QUE POBRES? | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
BEM-AVENTURADOS OS POBRES. QUE POBRES?

Jesus era um homem pobre. Desapegado dos bens materiais, aprendeu, desde a infância, a viver do trabalho de suas mãos; era carpinteiro. Reconciliado com a criação, valorizava o alimento (pão, vinho, peixe, trigo, uva) e dava sentido a outras criaturas, usando-as como exemplos em suas pregações: pedra, semente, pássaros, lírios do campo, estações do ano. Sensível ao próximo, aproximava-se de todos, sem distanciamentos, sem preconceitos. Então abraçava as crianças, impondo as mãos sobre elas; deixava-se tocar por mulheres, sem excluir as pecadoras; ele próprio tocava nas pessoas afetadas por enfermidades. Íntimo do Pai celeste, mantinha com ele prolongadas comunicações, tratava-o carinhosamente e lhe obedecia, mesmo nas situações mais adversas, como no horto da Oliveiras: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lc 22,42).

Jesus era um homem equilibrado. Não veio nos ensinar como ficar ricos. Aliás, ele advertia sobre os estragos que a riqueza pode causar. Porque a riqueza mal administrada (com parcialidade) deixa a pessoa fechada, egoísta, inteiramente voltada para seus projetos pes­soais, preocupada apenas com seu bem-estar; insensível, portanto, ao sofrimento alheio. Basta lembrar a parábola do rico esbanjador e o pobre Lázaro (cf. Lc 16,19-31). Em contrapartida, Jesus não veio recomendar-nos viver na extrema pobreza, excluídos do convívio social; ao contrário, dedicou tempo e energias para eliminar, ou combater, essas situações de vida inferior.

Jesus era um homem responsável. Inaugurou o Reino de Deus: “O Reino de Deus já está no meio de vocês” (Lc 17,21). Pertencer a esse Reino significa assumir as exigências que dele brotam, a saber: total confiança no Pai celeste, que cuida dos passarinhos e faz chover sobre bons e maus; amor fraterno, que supõe a partilha dos bens; misericórdia, que nos impulsiona a socorrer o próximo em suas necessidades. Essas atitudes são as que Jesus propõe e espera dos discípulos do seu Reino. Por isso, longe de promover a riqueza ou exaltar a miséria, Jesus veio para que todos “tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Viver segundo as exigências do Reino é viver pobre, como Jesus. Felizes os pobres!

Pe. Luiz Miguel Duarte, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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