O mandamento do amor ao próximo era bastante conhecido entre os ouvintes de Jesus. Todos compreendiam o amor ao semelhante como um dever. Tinham ouvido muitas vezes a regra de ouro: não fazer aos outros o que não gostariam que lhes fosse feito. No entanto, o discurso que escutam de Jesus vai muito além de tudo aquilo que haviam aprendido: ele fala de amor aos inimigos. Seria possível amar aqueles que só lhes desejavam o mal? Mas não só isso: seria possível amar aqueles que os oprimiam e dos quais eles desejavam tanto se libertar?
Na perspectiva cristã, a generosidade é um elemento fundamental. Ela é fruto do amor e motiva os cristãos a fazer com alegria aquilo que poderia parecer grande castigo. O critério daquele que se decide por seguir Jesus não pode ser a recompensa, mas sim o amor desinteressado. A regra de ouro é apresentada por Jesus de modo positivo: fazer ao outro aquilo que desejamos que o outro nos faça. É interessante notar a importância do termo “fazer”: o amor não é sentimentalismo ou somente bons desejos; mais do que isso, consiste em ação concreta.
Fazer o bem sem esperar nada em troca talvez seja uma das instruções dadas por Jesus que mais nos custa pôr em prática. Todos gostamos de ser reconhecidos por aquilo que fazemos e não poucas vezes criticamos alguém por sua ingratidão. O verdadeiro amor, entretanto, deve ser gratuito e desinteressado. É isto que Jesus nos pede: não esperar nada em troca. Sem dúvida, viveríamos muito melhor se nos livrássemos das muitas expectativas que criamos em torno das pessoas com as quais convivemos.
O modelo ideal apresentado por Jesus é Deus, o Pai que ama e abençoa a todos. Ele não faz distinção e não deixa de amar seus filhos e filhas, mesmo quando estes parecem se afastar dele. É preciso sempre aprender do Pai, também a sermos misericordiosos. Ele nos ama gratuitamente e sempre está pronto para nos perdoar. Assim também nos cumpre agir, compadecendo-nos sempre da dor dos que sofrem, da mesma forma que Deus se compadece de cada um de nós.
Jesus nos ensina que seremos julgados com os mesmos critérios que usarmos para julgar. Somos incentivados, portanto, a agir sempre movidos pelo amor e pela compaixão que somente do Senhor poderemos aprender.
Manoel Gomes, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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