O Antigo Testamento, segundo as bíblias católicas da Paulus (Jerusalém e Pastoral), pode ser dividido em quatro partes: Pentateuco, Livros Históricos, Livros Sapienciais e Profetas.  Ano passado, vimos o Pentateuco. Neste ano vamos trabalhar ou refletir sobre os Livros Históricos. Esse grupo é formado por dezesseis livros; unindo os livros duplos, teremos exatamente doze, portanto um a cada mês. A classificação desses livros não segue uma ordem cronológica.

O livro de Josué encabeça esse bloco. Josué é o líder que dá continuidade à obra de Moisés na formação do povo e na conquista da Terra Prometida. O livro foi escrito muito tempo depois dos fatos. Sua redação final se deu por volta de 400 AC, depois do retorno do exílio babilônico.

É o primeiro livro da assim chamada “história deuteronomista”, que tem como objetivos preservar o passado do povo de Israel e tentar dar uma explicação teológica da queda dos dois reinos de Israel (em 722 AC pelos assírios) e Judá (em 587 AC pelos babilônios). Quer também dar esperança no futuro do povo bíblico e conclamá-lo a reconhecer sua infidelidade e a voltar ao Senhor.

Josué relata a fidelidade de Deus às promessas feitas aos antigos patriarcas, principalmente a promessa da terra, que o livro a confirma. O autor não está muito preocupado em construir um relato jornalístico, histórico no sentido moderno, mas está mais preocupado em revelar o significado e o alcance dos acontecimentos.

Talvez poderíamos dividir o livro em três partes: 1) a conquista da Terra Prometida (1-12); 2) distribuição das terras entre as tribos (13-21); 3) conclusões: solidificação das alianças entre as tribos (22), discurso de despedida de Josué (23) e aliança ou assembleia de Siquém (24).

Os capítulos 1 a 12 tratam especificamente do reconhecimento e da conquista de Canaã. Josué é o líder que, no lugar de Moisés, conduz o povo e acompanha as tribos nas lutas para a conquista da terra. A Terra Prometida se constitui como que a personagem principal desse livro.

Na segunda parte, formada pelos capítulos 13 a 21, já não estão em foco as guerras, mas os esforços na partilha da terra entre as doze tribos. Israel tinha consciência de que a terra pertence a Deus, a partilha dela é condição para a sobrevivência das tribos e garantia do projeto de igualdade entre elas. As listas tribais desses capítulos datam de períodos diferentes do tempo da monarquia.

A terceira parte, que engloba algumas conclusões, é formada pelos três últimos capítulos do livro. O capítulo 22 conclui a divisão das terras, a construção de um altar junto ao Jordão e a solidificação das alianças entre as tribos. O capítulo 23 apresenta as últimas recomendações ao povo e a despedida de Josué. Por fim, o capítulo 24, numa assembleia com todas as tribos, apresenta a renovação da aliança do povo com seu Deus.

Nilo Luza nasceu em 1947, no Estado do Rio Grande do Sul. Ele é religioso da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos. É graduado em Filosofia e Teologia. Desenvolve sua missão paulina na redação do Semanário Litúrgico Catequético O Domingo e de Liturgia Diária.

Copyright © 2024 PIA SOCIEDADE DE SÃO PAULO - Todos os direitos reservados