Literatura infantil e seus inícios | Paulus Editora

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Educação e Literatura

22/04/2015

Literatura infantil e seus inícios

Por Alexandre Carvalho

A literatura, como já mencionamos noutras postagens, é expressão artística de grande relevância. Ela colaborou decisivamente para que as línguas modernas se firmassem, pois permitiu através de seus registros que as formas vocabulares se fixassem, bem como as estruturas textuais.

O texto literário, de modo particular, torna-se variante culta e ganha destaque em relação a outras vertentes textuais.

Podemos associar esta realidade ao que aconteceu com a língua falada. Dentro de um dado território, que posteriormente é unificado e passa a se chamar país, não há uma forma única de expressão oral, por exemplo. As pessoas desse território tendem a compreenderem-se, mas sua forma de falar, dependendo de onde estejam, sofre variação. Quando esse território vive um processo de unificação, é natural que a sede do poder se torne o ambiente de referência para toda a região circunvizinha. Com isso, em relação à língua, por exemplo, o inglês falado na cidade de Londres se torna o inglês padrão, pois é a variante privilegiada e endossada pelo poder. Em linhas gerais, a forma de falar inglês noutras regiões do território da Inglaterra que não era errada (mas apenas diferente), torna-se prática “errada”, ou melhor, desprestigiada. Nesse processo de sedimentação da variante privilegiada da língua inglesa, nosso exemplo, os textos literários, por serem naturalmente registros duradouros, tornam-se elementos importantes de consulta, revisões e ajustes.

O texto ultrapassa, nesse sentido, a dimensão informativa e se torna oficialmente lúdico.

A literatura, sendo em essência expressão artística, volta-se inicial e exclusivamente para os adultos. Até o século XVII, ou seja, ao redor do ano 1600, não se entende uma criança senão como um adulto em miniatura. Um adulto em miniatura, pela lógica vigente, não deveria ser tratado de outra forma a não ser como um adulto. Parece estranho dizer isso hoje, mas era a realidade da época. Até mesmo a forma de vestir uma criança não se diferencia da forma de vestir um adulto. Aos poucos, porém, essa percepção vai se transformando e, sem dúvida, o avanço das ciências, em seus diversos ramos, colaboram para uma nova compreensão do ser humano naquilo que se refere a sua complexidade existencial. Se uma criança não é um adulto em miniatura, como ele deve ser tratado? Que tipo de leitura se deve oferecer a ela? É justamente a partir desse momento de transformações que começam a surgir os textos voltados para as crianças.

Como nosso espaço está quase no fim, vamos dar continuidade a essa conversa em nossa próxima postagem. Até lá!

1 comentário

2/5/2015

Valdson de Souza Soares

Prezado Alexandre, bom dia! Quero muito vos agradecer pelo seu texto. Quanto aprendi um pouco mais! Leciono Literatura Infantil na UFAM, campus Parintins-AM. Durante muito tempo correspondi-me convosco no Centro Vocacional Paulino. Que bom encontrá-lo e pela dedicação a este seguimento tão importante dentro da Paulus.