Em busca da vida | Paulus Editora

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27/11/2023

Em busca da vida

Por Darlei Zanon

Estamos chegando ao final do mês de novembro, marcado desde seu início pela memória dos nossos irmãos falecidos e, portanto, pela reflexão sobre o mistério da morte, entre dor e esperança, luz e escuridão. Podem parecer conceitos contraditório, mas tudo isso faz parte da nossa vida e aprofundar os seus significados ajuda a descobrir elementos essenciais para vivermos melhor e analisarmos a morte sob novas perspectivas.

Em busca da vida” (Paulus Editora, 2022, ), da autora norte-americana Jane Hollister Wheelwright, especialista em psicologia junguiana, ajuda-nos nesta reflexão. A obra relata a história emocionante de Sally, uma mulher de 37 anos, casada com Jim e mãe de Sarah e Beth, que descobre um câncer em estado avançado. A partir daquele momento, Sally se debruça sobre a fragilidade da vida, sendo acompanhada por sua analista, que anota sonhos, desejos, pensamentos, desventuras. Aprofundando diversos aspectos da vida e da morte, as duas acabam crescendo juntas e passam de uma relação profissional a uma amizade profunda e verdadeira.

Sally é uma mulher forte, corajosa e, em muitos momentos, ressentida com a vida. Ao longo da obra, escrita de modo muito fluido e envolvente, vamos descobrindo, através de seus sonhos (interpretados por Jane à luz da psicologia junguiana), como Sally precisava se deparar consigo mesma e transformar sua psique para poder estar em paz e para se libertar de coisas não essenciais diante da partida iminente.

Ao final dessa longa experiência de crescimento e individuação, Jane declara: “Aprendi, durante os meus seis meses de trabalho com Sally, que é preciso aceitar o destino sem se preocupar com os perigos e as dificuldades, e estar preparado para abandonar os laços terrenos quando a morte a ameaça. E mais, descobri que é preciso viver tão completamente quanto possível, confiando, como acho que Sally acabou fazendo, nas raízes regeneradoras e profundas da vida, simbolizadas para ela pela árvore… A morte torna-se parte da vida, e, na medida em que aceitamos sua realidade, vivemos verdadeiramente.” (p. 308).

O livro é acima de tudo um convite a descobrir o verdadeiro sentido da vida, que passa pela reconciliação: conosco, com Deus, com as pessoas que nos cercam, com as expectativas que criamos a respeito da vida, com a natureza e com tudo que envolve nosso modo de ser e estar no mundo.

Uma obra comovente, leitura altamente indica para quem enfrenta o luto ou vive um momento difícil de luta contra uma doença, mas também para todos os que querem refletir sobre esta realidade humana tão banalizada ou dessacralizada pela sociedade contemporânea, imediatista e com aversão ao transcendente.

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