Elementos da narrativa – parte 02 | Paulus Editora

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08/07/2014

Elementos da narrativa – parte 02

Por Alexandre Carvalho

Em nossa última postagem, começamos a falar sobre os elementos básicos da narrativa. Como o assunto rende, falamos um pouco sobre o narrador e sobre o tempo. Hoje, vamos falar um pouco sobre o espaço, o enredo e os (ou as) personagens. Vamos lá.

Espaço narrativo

É o ambiente no qual a narrativa se passa.

Esse espaço pode assumir dois aspectos distintos: real ou psicológico. Nesse caso, é possível relacionar aspectos do espaço com aqueles apresentados quando falamos sobre o tempo (na narrativa). O espaço é considerado real quando está situado no mundo conhecido por nós; o espaço é real e lógico dentro do universo proposto pela narrativa. O mundo das fadas, por exemplo, é real dentro do contexto em que está inserido, pois é nele que os eventos narrativos se desenrolam. O espaço psicológico (ou de fuga) é aquele que subverte a realidade da narrativa, ou seja, são espaços paralelos ou alternativos: sonhos, visões, fantasias, delírios. Complicado? Não realmente!

Enredo

É basicamente a sucessão de fatos e/ou eventos que compõem uma narrativa.

O autor, quando decide contar uma história, escolhe também a maneira como vai contá-la. Ele pode ser breve (como um conto habitualmente é) ou pode ser prolixo (nesse caso, podemos ter nas mãos um romance). Em si, os núcleos e argumentos narrativos são simples. Tomemos um exemplo clássico, quando Dostoievski escreve Crime e Castigo, ele tem em mente uma consideração precisa: grandes nomes da sociedade, embora cometam crimes (assassinatos) não são punidos; noutras palavras, a punição recai sobre os homens simples e normais. Uma boa tradução de Crime e Castigo, em média, terá cerca de 600 páginas. Como dito, o argumento é simples, mas a maneira de dizê-lo faz toda a diferença. Enredos podem ser envolventes ou tediosos; vai depender da habilidade do autor.

Personagens

Os (ou as) personagens são aqueles que vivem as venturas e desventuras propostas pelo autor.

Em geral, temos o protagonista (ou mocinho), o antagonista (ou vilão), personagens secundários que têm a função de ajudar a compor a narrativa; personagens que carregam nomes e características físicas e psicológicas bem definidas e personagens que são considerados tipos, ou seja, personagens que representam uma classe ou um grupo, por exemplo, o Zé da Feira. Em teoria, os personagens não deveriam aparecer gratuitamente no enredo, se isso acontecer, logo se pergunta: não entendi por que esse personagem apareceu? Quando consideramos personagens, podemos (e devemos) ultrapassar a esfera humana. Um animal pode ser um personagem; uma cidade ou vila, uma casa, uma estação do ano etc. Elementos não humanos podem ganhar vida e determinar o andamento da narrativa. Nesse sentido, alguns títulos são indicativos: O tempo e o vento, por exemplo, de Érico VeríssimoEsses elementos não estão no título por acaso.

Bom, acho que já ultrapassei meu espaço aqui. Até a próxima postagem!

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