Elementos da narrativa – parte 01 | Paulus Editora

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Educação e Literatura

05/06/2014

Elementos da narrativa – parte 01

Por Alexandre Carvalho

Caros seguidores, como vão vocês? Espero que animados com as leituras que estejam realizando. Hoje, avançamos um pouco mais nesse caminho. Vimos um pouco sobre as características do conto e da novela; e foram sugeridos alguns textos para um possível início de leitura. Conto e novela pertencem ao gênero narrativo e, antes de avançarmos para o romance, consideraremos algumas peculiaridades da narração.

Em linhas gerais, a narração contém cinco elementos fundamentais: narradortempoespaçoenredo e personagens. Não há, a rigor, na hora de elencarmos esses elementos ordem estabelecida, o mais importante é que eles sejam compreendidos, pois, desse modo, será, consequentemente, mais fácil entendermos a narração (conto, novela ou romance) que temos em mãos.

Narrador: o narrador é aquela figura, digamos assim, que conta a história. Ele assume basicamente duas posturas: primeira pessoa ou terceira pessoa. Quando o narrador assume a primeira pessoa, a história é contada a partir do seu ponto de vista. Essa narrativa, portanto, tende a ser parcial porque os fatos ocorridos e o modo como são apresentados dependem daquele que nos conta. Na literatura brasileira, um dos exemplos mais expressivos, encontramos em Dom Casmurro, de Machado de Assis. Bentinho, o dom Casmurro, é quem retoma a própria vida e nos fala das suas venturas e desventuras. Tudo nos é apresentado por ele; nesse caso, as outras personagens não têm voz ativa, mas dizem e se comportam como ele, o narrador em primeira pessoa, entende e decide dizer. O narrador em terceira pessoa, ao contrário, tende a ser neutro. Isso se dá porque ele se coloca fora e acima da narrativa; ele observa os fatos e as personagens, visita seus pensamentos e conhece suas emoções. Costuma-se dizer que esse narrador é onipresente e onisciente. Capitães da areia, de Jorge Amado, é narrado em terceira pessoa. Quando você iniciar uma narrativa (ou esta mesma que você está lendo), identifique se o narrador está em primeira ou terceira pessoa. Isso não é fruto do acaso, mas escolha do autor; é intencional.

Tempo: basicamente, o tempo na narrativa assume duas possibilidades: cronológico ou psicológico. Dito dessa forma parece fácil (e é, em certa medida), mas, no texto concreto, tempo cronológico e psicológico podem se mesclar de modo bastante intenso. Quando falamos do tempo cronológico, nos voltamos para a sucessão dos minutos, horas, dias, semanas, meses, anos etc., falamos de eventos ocorridos no tempo marcado pelo relógio. Quando o tempo é psicológico, a sucessão cronológica não é mais válida, pois o passado volta à vida, o futuro é antecipado, sonhos se tornam reais na cabeça das personagens, a imaginação e os delírios ganham força. É difícil imaginar um texto que possua, em sua totalidade, apenas o tempo cronológico ou psicológico.

Como o assunto é bom e rende, daremos continuidade aos outros elementos da narrativa na próxima postagem. Até lá!

1 comentário

19/6/2014

Lúcio Pereira Brito

Caro amigo Alexandre Carvalho, bom dia. Seu texto está muito bom, possui muita clareza ao expor suas ideias. Meus parabéns! Sou ex-paulino, acho que o senhor deve se lembrar de mim (...) Abraços e muito sucesso em seu apostolado.