Educação e Literatura
12/05/2014
Por Alexandre Carvalho
Impossível falar sobre tudo, por isso os famosos recortes, ou seja, fazemos escolhas para que a nossa fala seja compreensível e assertiva. Quando nos voltamos para a literatura, no chão nesses artigos, podemos considerá-la, nesse momento, de duas maneiras: prosa ou poesia. A prosa é caracterizada pelo texto corrido em contraposição à poesia em que o texto é marcado pelos versos.
O texto literário pode ser ficcional ou não ficcional. Um romance, mesmo inspirado em acontecimentos reais, é uma obra ficcional; por outro, uma biografia autorizada (ou não autorizada) é um texto não ficcional.
Dentre os textos ficcionais em prosa, embora as classificações não sejam unânimes, definitivas ou absolutas, reconhecemos o conto, a novela e o romance. De modo particular, vamos falar um pouco sobre o conto, que tal? O conto é caracterizado por ser um texto em prosa, ou seja, não versificado, curto (embora seja questionável quão extenso ele deva ser), e que possui apenas um núcleo dramático sobre o qual se desenrola o enredo, ou seja, começo, meio e fim da ação.
Certamente, todos já ouvimos falar (e lemos) ao menos um conto de fadas, certo? Mas há contos que não são de fatos. Contos que tratam dos mais diversos temas: cotidiano, fé, amor, violência, ficção científica etc. No Brasil, um dos grandes contistas, embora também tenha sido romancista, foi Machado de Assis, O lapso é uma de suas obras. Moacyr Sclair, falecido em 2011, dentre outros gêneros, foi também contista, experimente ler A noite em que os hotéis estavam cheios. Quem se lembra do filme Inteligência Artificial, 2001, pode não saber que seu roteiro se baseia no conto de ficção científica Super-toys last all Summer long, de Brian Aldiss.
Os contos por serem narrativas curtas e, em geral, com núcleo dramático único, podem parecer obras simples, mas isso não significa que sejam simplórias. Ao contrário, como o texto se apresenta de forma reduzida o autor precisa (ou escolhe) condensar os elementos que poderiam ser desdobrados em seu enredo e, na verdade, o texto é revestido de camadas e sobreposições de sentido que são reveladas a cada leitura. As cerejas, de Lygia Fagundes Telles é um exemplo magnífico de conto muito bem escrito.
Se nos dispusermos a nos aproximar da literatura, os contos podem ser uma bela porta de entrada, pois são narrativas curtas e com variedade enorme de temas. Há muitos contos disponíveis na Internet, bem como antologias bem caprichadas nas livrarias. Contos de autores contemporâneos, bem como contos de autores de outras épocas. Não há, portanto, desculpas, basta de dispor e ter boa vontade.
Boa leitura!
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Alexandre Carvalho
Religioso da Congregação dos Padres e Irmãos Paulinos, Alexandre Carvalho é graduado em Filosofia, Teologia e Letras. É doutorando em Língua Portuguesa, com especialidade em Literatura. Na missão paulina ele é responsável pelo segmento Infantojuvenil da PAULUS Editora.
