A literatura se adapta às mudanças temporais | Paulus Editora

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Educação e Literatura

17/10/2014

A literatura se adapta às mudanças temporais

Por Alexandre Carvalho

Algumas considerações parecem meio superficiais, mas funcionam como pontes para que avancemos na reflexão de questões que vão surgindo e se impondo. Em nossa última postagem, vimos que os jovens estão lendo e o parâmetro para essa constatação foi a presença maciça da juventude na última Bienal do Livro de São Paulo. É positivamente impressionante ver um número considerável de jovens em busca de autógrafos de seus autores preferidos; parte desses jovens, principalmente, meninas (adolescentes, na verdade) foram fisgadas pela literatura por causa do contato que tiveram em primeiro lugar com textos presentes nalguns blogs que se tornaram grande sucesso.

A tecnologia digital (como tantas outras expressões tecnológicas) causa surpresa, fascínio, desconfiança, inquietação e, talvez por fim, adaptação.

O livro físico dá lugar a versões digitais; contudo, este (digital) não o substitui plenamente. O que temos é a convivência entre ambos que deve durar por muito tempo. Tablets, por exemplo, possibilitam uma relação com a literatura mais interativa e dinâmica. Em si, essa constatação não é boa nem ruim; a tendência é que as novas gerações vejam no aparato digital extensão natural de sua relação com o mundo, enquanto gerações mais velhas talvez prefiram os aparatos físicos analógicos, ou seja, o velho e bom livro de papel.

Algumas editoras perceberam (e decidiram apostar) na transposição de textos eminentemente “virtuais” para o universo físico.

Essa aposta, em linhas gerais, tem dado certo, pois a identificação já estabelecida no blog, por exemplo, não foi quebrada, mas trasposta. Tais textos podem ser criticados do ponto de vista literário, mas, sem dúvida, eles abrem portas e dialogam com muitos e muitas interlocutoras. Sim, são textos curtos, possuem caráter confessional, apelam para o emocional e tentam apresentar caminhos que levarão a independência e autonomia. São textos que muito provavelmente darão margem a textos mais densos e significativos.

A literatura é expressão viva da realidade humana e, por isso, se adapta e se reinventa à medida que novas realidades se apresentam e transformam a vida desse mesmo ser humano.

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