6. Gênesis – 4 | Paulus Editora

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Bíblia

10/06/2016

6. Gênesis – 4

Por Nilo Luza

Os capítulos 37-50 do livro do Gênesis narram a “história de José”. Uma história bastante conhecida e que se diferencia um pouco das outras narrativas do Gênesis por sua forma literária característica. Muitas vezes é vista como novela ou romance curto, que trata dos problemas das famílias.

José era bastante mimado e querido pelo pai Jacó por ter nascido na velhice e, além disso, teve uns sonhos estranhos, que indicam sua supremacia em relação aos irmãos. Por causa disso, seus irmãos começaram a rejeitá-lo e, para se livrarem dele, venderam-no como escravo e foi levado para o Egito. O faraó teve uns sonhos; José, como tinha fama de decifrar sonhos, foi chamado para interpretá-los. Isso foi ocasião para sua ascensão. Na corte do faraó, desempenhou papel importante, chegando a ser primeiro ministro.

Nesse tempo, houve grande seca em toda a região. Os irmãos de José vão ao Egito em busca de alimento. Aos poucos, os irmãos (José e os outros) se reconhecem e se reconciliam. José consegue trazer toda sua família para o Egito. A “história de José” é vista como a história de alguém que consegue superar as dificuldades da vida e os conflitos familiares.

Dentro dessa trama, José é visto como instrumento de Deus para realizar seus projetos: capaz de discernir a ação de Deus e agir de acordo com ela. Deus providencia, mas sua ação não dispensa a inteligência nem a prática do ser humano. O divino age por intermédio do humano. O texto repete várias vezes: Deus estava com José. Se, antes de Salomão, a ação de Deus era vista como intervenção direta, agora ele está presente de forma quase anônima, dirigindo os acontecimentos através da ação humana.

Na estrutura do Pentateuco, o ciclo de José tem a função de servir como introdução às narrativas do êxodo, ou seja, uma espécie de ponte entre as narrativas patriarcais e o relato do livro do Êxodo. Mostra como o povo foi parar nas terras do faraó. Como é um relato elaborado, em grande parte, pela corte do templo no tempo de Salomão, serve também para justificar a monarquia e a opressão praticada por Salomão. A burocracia de Salomão seguiu os costumes da corte do faraó do Egito, legitimando a opressão e a cobrança de impostos.

O capítulo 47 mostra claramente a política perversa do faraó, e que foi implantada também em Israel no tempo de Salomão. Dizendo que essa política agrária foi criada por José (patriarca israelita), justifica a prática de Salomão. A situação do povo da terra torna-se quase insustentável: o empobrecimento progressivo do povo acaba tornando-o escravo do poder político.

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