Dos escritos de Paulo, a Carta aos Romanos é a primeira que se encontra nas bíblias, mas não é a primeira a ser escrita, foi uma das últimas. A redação da Carta se dá por volta de 57 d.C., em Corinto, na terceira viagem de Paulo quando ficou três meses na Grécia. A Carta aos Romanos é a mais longa de todas as cartas de Paulo e também é a mais teológica.
A população da cidade de Roma era em torno de um milhão de pessoas, com grande massa de escravos. Havia muitas desigualdades econômicas e sociais. Nero era o imperador da época. A fundação da comunidade na cidade de Roma foi fruto da migração de cristãos que se dirigiram para a capital do império. Não foi, portanto, fundada por Paulo.
Há muito tempo, Paulo desejava visitar esta comunidade, mas até o momento não foi possível. A intenção dele era visitar a Espanha, passando por Roma. A comunidade romana era constituída, na maior parte, de gentio-cristãos. Para ele, a comunidade da capital do império era de suma importância. A Carta aos Romanos teve a intenção de preparar o caminho para sua visita. Desejava que os romanos conhecessem de antemão as linhas mestras do evangelho.
O tema central da Carta é a gratuidade da salvação através da fé em Jesus Cristo. Ele procura aprofundar a temática da Carta aos Gálatas. Muitos judeus sustentavam que a justificação se dá por meio das obras da lei, Paulo mostra que é pela fé em Jesus Cristo.
Podemos dividir a Carta aos Romanos em três partes, antecedidas por uma introdução (1,1-17) e seguidas de uma conclusão (15,14-16,27): 1) Evangelho, força salvadora (1,18-8,39), 2) Fidelidade de Deus e incredulidade de Israel (9-11); 3) Dia a dia da vida da comunidade (12,1-15,13).
Introdução (Rm 1,1-17): Como de costume, Paulo inicia a Carta aos Romanos com uma saudação, uma ação de graças, o projeto de visita a Roma e apresenta o tema central: a justificação pela fé.
1. Evangelho, força salvadora (Rm 1,18-8,39): O evangelho é a força e a justiça de Deus que salva gratuitamente os que creem, judeus ou não judeus. Todos se salvam mediante Jesus Cristo morto e ressuscitado. A ira de Deus contra judeus e não judeus, pois todos são culpados. Aderindo a Jesus, Deus anistia a todos. Abraão exemplo de fidelidade e, por meio dele, Deus justifica os cristãos. Mostra a relação entre Adão e Cristo, este salvador, aquele pecador. A salvação consiste na libertação do pecado e da lei. Graças ao Espírito todos somos justificados.
2. Fidelidade de Deus e incredulidade de Israel (Rm 9-11): Esta parte trata da infidelidade e conversão de Israel. Lembrando que Deus sempre amou Israel, pois ele sempre se mostra fiel e misericordioso. O erro de Israel foi buscar a justiça nas obras da lei, mesmo assim Deus não o rejeitou. Israel foi insensível nas escolhas divinas e na existência de um plano para a salvação de todos.
3. Dia a dia da vida da comunidade (Rm 12,1-15,13): Sentido da vida cristã na comunidade e orientações práticas para o agir cristão. A única dívida do cristão é o amor mútuo, pois ele é a plenitude da lei. O mandamento do amor a si mesmo e aos outros é o conteúdo essencial da lei. O amor é o critério central da conduta cristã: o agir no amor é consequência de ser justificado pela graça. É necessário viver o respeito uns para com os outros para não escandalizar os fracos na fé.
Conclusão (Rm 15,14-16,27): Na conclusão, Paulo fala da autoridade de seu ministério e seu projeto de viagem. Apresenta recomendações e saudações finais a diversas pessoas de Roma. São vinte e seis nomes mencionados, entre homens e mulheres: diáconos e diaconisas, ministros e ministras, profetas e profetisas. Com isso, percebe-se o florescimento das “comunidades domésticas”, onde as pessoas se reuniam nas casas das lideranças. E termina com um hino de ação de graças.
Artigo maravilhoso que trata do contexto Teológico aos cristãos de Roma.