57. Introdução ao apóstolo Paulo | Paulus Editora

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Bíblia

21/11/2023

57. Introdução ao apóstolo Paulo

Por Nilo Luza

Paulo nasceu em Tarso, capital da Cilícia, por volta do ano 10 da era cristã. O apóstolo recebe duplo nome: Saulo (nome judaico) e Paulo (de origem latina). Ele pertence à tribo de Benjamim e herdou de sua família a cidadania romana. Ele é o grande escritor do Novo Testamento e grande conhecedor da Sagrada Escritura. Terminou sua vida decapitado em Roma. Ele merece um destaque maior por ser autor de várias cartas.

Em Damasco, Paulo teve uma grande reviravolta em sua vida. De perseguidor das comunidades cristãs, transforma-se no maior organizador de comunidades e maior divulgador do Evangelho. É um homem transformado radicalmente por Jesus no caminho de Damasco. Daqui para frente, tudo se torna relativo diante do bem superior que é o conhecimento de Cristo (cf. Fl 3,8). Para ele, o anúncio do Evangelho torna-se uma obrigação (1Cor 9,16).

Conforme o costume judaico, Paulo, por volta dos treze anos, foi enviado a Jerusalém para estudar os ensinamentos dos judeus e foi aluno de Gamaliel, grande conhecedor da lei. Paulo é apresentado ao público pela primeira vez no martírio de Estêvão (At 7,58). Depois de sua conversão, teve certas dificuldades de ser aceito e incluído no grupo dos apóstolos. Ele se sobressaiu durante o concílio de Jerusalém (At 15).

Paulo não conheceu Jesus pessoalmente, ele prega o Cristo ressuscitado, e o prega nos pequenos grupos que ele ia organizando. Paulo encontrou acolhida em muitas casas das famílias. O tema da “igreja doméstica” é central e fundamental na missão de Paulo. É uma Igreja dentro do convívio familiar a serviço da dignidade das pessoas que nela se reúnem.

Paulo não realiza sozinho sua missão, mas atua com muitos colaboradores: Barnabé, Marcos, Timóteo, Silvano, Lucas, Áquila, Priscila e muitos outros. É um homem que sabe trabalhar em equipes. É o primeiro pregador dos gentios, isto é, mundo fora da Palestina (Israel). Paulo assumiu o Reino de Deus como proposta universal, anunciando-o nas cidades greco-romanas. A partir dos centros urbanos, forma uma rede de pequenas comunidades fraternas.

A partir da fonte de pesquisa, o biblista Ildo Bohn Gass nos apresenta quatro retratos do apóstolo Paulo. Uma imagem é a dos Atos dos Apóstolos; outra é das Cartas autênticas; a outra é tirada das Cartas deuterocanônicas; e, por último, temos a figura de Paulo a partir das Cartas pastorais.

O livro dos Atos dos Apóstolos nos apresenta Paulo um missionário herói e itinerante. Ele é visto como testemunha e não como apóstolo. Ele realizou quatro viagens missionárias, fora de Israel. As Cartas autênticas, escritas pelo próprio Paulo, nos revelam um trabalhador a serviço do evangelho. Ele é apóstolo que anuncia o evangelho às nações pagãs, isto é, que transcendem o território palestino. As Cartas deuterocanônicas, isto é, atribuídas a alguns discípulos ou admiradores de Paulo, revelam um teólogo sistemático. Não tratam de temas caros para Paulo e a linguagem também é bem diferente. As Cartas pastorais, também atribuídas aos discípulos ou admiradores de Paulo, escritas bem depois da morte de Paulo, revelam Paulo uma autoridade eclesiástica. Descrevem uma Igreja como instituição hierarquizada. É importante distinguir essas várias classificações das “cartas paulinas” para não atribuir a Paulo o que, de fato, não disse.

A princípio se atribuiu treze escritos ao apóstolo Paulo, mas sabemos que muitas cartas atribuídas a ele, na verdade não são. Assim podemos dividir os escritos de Paulo em três categorias, seguindo a ordem em que se encontram na Bíblia: sete cartas autênticas: Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1 Tessalonicenses e Filêmom; três deuterocanônicas: Efésios, Colossenses e 2 Tessalonicenses; três cartas pastorais: 1 e 2 Timóteo e Tito.

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