48. Livro de Ageu | Paulus Editora

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11/02/2023

48. Livro de Ageu

Por Nilo Luza

Contemporâneo de Zacarias, Ageu profetizou no segundo ano do reinado de Dario (522-486 a.C.), em Jerusalém. É provavelmente um repatriado recente do exílio babilônico e o primeiro profeta a atuar em Judá após o regresso dos judeus do exílio na Babilônia. Entre os chamados “profetas menores”, é o primeiro profeta de Israel pós-exílio. Nada sabemos a respeito do local e da data do seu nascimento nem de sua linhagem. A pregação de Ageu gira em torno de dois temas principais: o templo e o surgimento da era escatológica.

Estamos no período persa, o maior dos impérios conhecidos até então, império que perdura até a conquista de Alexandre Magno em 333 a.C. Os persas respeitavam a religião, a língua e os costumes dos povos conquistados. Por outro lado, negavam a autonomia econômica, política e militar. Eram intransigentes na cobrança de impostos e não permitiam rebeliões. Em 538 a.C., Ciro, rei da Pérsia (555-530 a.C.), assume o controle da Babilônia e determina que os judeus exilados podem voltar para Jerusalém a fim de reconstruir a cidade e o templo, trabalhos concluídos em 515 a.C.

Em 522 a.C., com a morte do rei Cambises (529-522 a.C.), assume Dario, que permitiu maior liberdade aos judeus. Com a morte de Ciro (530 a.C.), a reconstrução do templo foi suspensa, por causa da oposição com os samaritanos. Com isso, o profeta Ageu convoca o povo para retomar o trabalho de reconstrução do templo, sob o comando de Zorobabel, chefe dos judeus repatriados, e do sacerdote Josué. A reconstrução durou de 520 a 515 a.C. Grande é o compromisso para reconstruir a cidade de Jerusalém e seus muros e o templo.

O profeta Ageu insiste na reconstrução do templo que está em ruínas, sua contribuição foi importante para unir os esforços da comunidade. Segundo a mentalidade teocrática, a despreocupação com o templo impede a chegada da prosperidade econômica e sua reconstrução facilita a chegada de um clima de paz e de fecundidade. A reconstrução do templo acabaria com as crises da comunidade. Podemos dividir o livro em quatro partes.

1. Apelo para a reconstrução do templo (1,1-15): A palavra do profeta Ageu é dirigida a Zorobabel, líder político, a Josué, líder religioso, e ao povo repatriado para retomar a reconstrução do templo. As más condições de vida que o povo vive, causadas por colheitas ruins, são vistas como consequências do templo continuar em ruínas. Com o apelo do profeta, os trabalhos de reconstrução foram iniciados. O templo, símbolo da unidade nacional, é visto como centro de vida e união da comunidade.

2. A glória do novo templo (2,1-9): Alguns reclama que o atual templo não se compara com o esplendor do templo de Salomão. No trabalho de reconstrução surgem as dificuldades: o desânimo, os recursos escassos… retardando, com isso, a retomada dos trabalhos. O profeta, baseado na promessa de Javé que garante sua presença, convida a olhar com confiança para além das dificuldades. Mesmo não sendo comparado ao templo de Salomão, o novo templo se encherá com a glória de Deus, porque dele brotará a paz para sempre. Os esforços e os cansaços serão recompensados com abundância de bens disponíveis aos povos que afluirão ao templo.

3. Promessa de bênção do novo templo (2,10-19): Sob a ordem de Javé, o profeta interroga os sacerdotes sobre as questões legais de pureza e impureza. O templo em ruínas transmite impureza a toda a ação religiosa da comunidade. Alguns consideram o templo em ruínas como um cadáver, em contato com o qual pessoas e coisas se tornam impuras, transmite impureza a toda vida religiosa da comunidade.

4. Oráculo a Zorobabel (2,20-23): As instabilidades do Império Persa e das nações são interpretadas como sinal da intervenção de Javé para a restauração do reino davídico. Nisso, Zorobabel com o “selo” é apresentado como legítimo sucessor de Davi, filho de Deus, legítimo representante de Deus e como salvador do povo. Javé está com ele, como esteve com Davi.

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