45. Livro de Naum | Paulus Editora

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Bíblia

16/11/2022

45. Livro de Naum

Por Nilo Luza

O autor do livro nos informa que Naum, grande orador bíblico, é natural de Elcós, provavelmente uma vila de Judá. Naum, em hebraico, significa “consolado, confortado”. Foi um poeta talentoso que dedicou seus talentos a descrever a queda de Nínive, poderosa capital da Assíria. Ele profetizou em Jerusalém, mas não se sabe a data exata de sua atividade. Provavelmente foi durante o reinado de Josias (640-609 a.C.), por volta da destruição de Nínive (612 a.C.). As únicas referências históricas deduzidas do livro é a destruição de Nínive pelos babilônios e a queda de Tebas (663 a.C.) pelos assírios. Nesta época, Jerusalém se encontra pressionada pelos assírios, que haviam destruído Tebas, capital do Egito. A destruição da cidade de Tebas serviu para Naum anunciar a destruição dos assírios, quando os babilônios tomam Nínive.

Há muito tempo os assírios controlam o mundo do Oriente Próximo. A Assíria dominava os povos com terror e brutalidade, cobrava pesados tributos, não tolerava rejeição de tratados, deportava populações inteiras, como no caso de Israel (Reino do Norte). A situação era tão difícil que o povo se perguntava: até quando? Com o surgimento de outros impérios, como a Babilônia, a Assíria começou a perder forças. Por fim, Nínive cai nas mãos da Babilônia (612 a.C.), pondo fim ao império assírio.

Desde a metade do século 8º a.C., a Assíria foi se infiltrando na Palestina, transformando em pequenas províncias as cidades que eram dominadas. Desde a tomada da Samaria (722 a.C.) pelos assírios, Israel (Reino do Norte) foi totalmente anexado à Assíria, e Judá (Reino do Sul) foi submetido como reino vassalo. Propomos a divisão do livro em duas partes.

1. Anúncio da destruição de Nínive (1,1-2,3): O livro inicia com um salmo sobre a manifestação de Deus (1,1-8). Este salmo revela Javé como juiz, agindo na história. Ele é o Senhor de tudo e de todos. Ao mesmo tempo que manifesta a ira de Deus contra os inimigos e opressores do povo, revela um Deus bondoso e refúgio no dia da angústia e salvador do seu povo oprimido. A vingança de Javé é estabelecer a justiça por meio da punição do opressor.

A seguir vem as sentenças sobre Nínive e Judá (1,9-2,3). É um diálogo dirigido alternadamente à Nínive (1,9-11.14) e a Judá (1,12-13; 2,1). Revela a destruição dos opressores. Javé, senhor e juiz da história, dirige os acontecimentos. O opressor Belial (Assíria) é força destruidora, vingador e cheio de ira. A cidade será destruída juntamente com o rei, realizando a justiça na história. Para o povo fiel, porém, Javé é força de libertação. Terminou o domínio do terrível opressor: Nínive. O mensageiro que anuncia a paz revela que o inimigo foi destruído. Agora o povo pode fazer festa.

2. Celebração da queda de Nínive (2,4-3,19): O que foi anunciado anteriormente, acontece agora. O autor descreve o assalto, a confusão e a tomada de Nínive (612 a.C.). Parecia segura pelas muralhas e fossas que a cercavam, mas caiu diante dos soldados medos e caldeus. Nínive é descrita como toca de leões. Javé realiza o juízo sobre Nínive e destruirá os animais ferozes.

Um lamento fúnebre (3,1-7) mergulhou sobre a cidade sangrenta (Nínive), justamente punida e envergonhada como uma prostituta pública pelos seus massacres, os seus roubos e os seus enganos. Todos fugirão e ninguém terá piedade dela nem haverá quem a console. Ela se tornou símbolo de opressão, como foi o Egito muitos anos antes. Os oráculos contra Nínive (3,8-19), capital da Assíria, revelam a mesma sorte de Tebas, capital do Egito. Tebas, apesar de suas alianças com os poderosos, será arrasada com saques e mortes.

Naum nos revela que os grandes impérios, por mais poderosos que sejam, não são eternos, um dia seu poder terá a mesma sorte que Nínive. Um reino que oprime não pode durar muito. A Bíblia apresenta mudanças ou quedas de impérios. Nenhum império pode se dar o direito de privar outras nações da liberdade e da dignidade. Naum propõe uma mensagem de esperança na libertação dos oprimidos.

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