O MESTRE ENSINA AGINDO | Paulus Editora

O Domingo
O MESTRE ENSINA AGINDO

No Evangelho de Marcos, a primeira ação pública de Jesus acontece na sinagoga de Cafarnaum, com a expulsão de um espírito impuro. As pessoas estão admiradas com o ensinamento de Jesus: um ensinamento com autoridade, ou seja, transmitido por quem sabia muito bem do que estava falando, bem diferente do ensinamento dos escribas, os entendidos na Lei de Deus.

Agindo com o Espírito divino, Jesus ensina tocando as pessoas nas situações concretas da vida. O ensinamento dos escribas apresentava regras e teorias sobre um Deus que separava as pessoas em puras e impuras, em agraciadas e malditas, em boas e más. Jesus, ao invés, ensina agindo. Ele não faz teologia, não explica teorias sobre Deus. É agindo em favor das pessoas, e não ensinando teorias, que Jesus mostra quem é Deus.

No episódio de hoje, a ironia do Evangelho é mostrar que, simbolicamente, o espírito imundo que Jesus expulsa daquele homem representa a própria lógica e esquema mantidos pelos escribas. Uma lógica que exclui as pessoas, que não lhes permite serem livres, se encontrarem com um Deus de amor e perdão infinitos. A estrutura mantida pelos escribas deseja ter o controle da ação de Jesus (é esse o sentido, quando Jesus é chamado pelo nome). Não é de estranhar, portanto, que esse espírito impuro esteja dentro da própria sinagoga em dia de sábado, em espaço sagrado em dia sagrado.

Mas é Jesus quem tem a autoridade de Deus. E o temem todos os poderes do mal, também os poderes disfarçados de ensinamento religioso. Nesse sentido, basta pensar no fanatismo atualmente alimentado em tanta gente de fé, explorada em suas misérias e mantida refém de seus medos. Ou mesmo nos discursos de ódio, disseminados por gente que se diz cristã e usa o Mestre Servo Sofredor para defender a violência, a divisão e a exclusão dos menores.

O ensinamento diferente de Jesus nos garante que ele tem poder de agir sobre todas as forças do mal. Seguir hoje este Mestre de Cafarnaum, “o Santo de Deus”, é deixar-se tocar por sua ação. Pois é sua ação que continua a nos ensinar como é fundamental expulsar de nós e de nossas comunidades todo espírito de divisão e exclusão.

Pe. Paulo Bazaglia, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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