O PROFETA EM SUA PÁTRIA | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
O PROFETA EM SUA PÁTRIA

Jesus está em Nazaré. Foi ali que cresceu, deu seus primeiros passos, aprendeu as primeiras palavras. Ali também aprendeu com São José a trabalhar na carpintaria. Viveu naquela pequena aldeia até o dia em que decidiu sair anunciando o Reino de Deus por toda parte, reunindo em torno a si um grupo de discípulos, curando enfermos, expulsando demônios e acolhendo a todos, sem excluir ninguém.

Como vimos no domingo passado, ele volta à sua terra e vai à sinagoga participar do culto. Após a leitura do profeta Isaías – que fala das obras a serem realizadas pelo Messias –, guiado pelo Espírito, Jesus afirma que aquela palavra estava se realizando diante dos olhos dos presentes. O sentimento é, naturalmente, de admiração e júbilo. Há muito tempo o povo de Israel esperava o Messias que viria libertá-lo da opressão estrangeira. Ouvir que o tempo messiânico já estava em processo era causa de grande alegria.

No entanto, algo lhes parece muito estranho: que o Messias seja aquele Jesus por todos conhecido, filho de José e Maria, que sempre viveu ali com eles. Jesus conhece os corações e prevê que lhe pediriam milagres que provassem que ele era, de fato, o Messias. Ele não somente se nega a realizá-los, como também invoca o exemplo de dois grandes profetas da tradição de Israel, Elias e Eliseu, para dizer que, muitas vezes, o poder de Deus se manifesta mais em meio aos pagãos do que junto àqueles que formam o povo escolhido.

O episódio que acompanhamos nos leva, portanto, a refletir sobre nossa aceitação dos desígnios de Deus em nossa vida e na vida da comunidade. Com frequência, esperamos muito de Deus, mas queremos que tudo seja feito segundo nossa vontade ou conforme nossas expectativas. O texto do Evangelho de São Lucas quer chamar nossa atenção para isto: precisamos estar abertos à ação de Deus, livres das falsas ideias que nos aprisionam.

Em geral, Deus se manifestará por meio de realidades simples e próximas a nós. Alguém do nosso convívio, isento de qualquer pretensão, pode nos falar de Deus e daquilo que ele deseja para nós, como indivíduos e como comunidade. Somos capazes de aceitar que Deus se manifeste como ele quer, e não como nós desejamos?

Manoel Gomes, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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