CHAMADOS A SER BUSCADORES DE DEUS
O relato do Evangelho de hoje revela o impacto histórico do nascimento de Jesus e nos convida a refletir sobre as diferentes formas de encarar sua vinda ao mundo.
As primeiras palavras dos magos reconhecem a realeza de Jesus: “Onde está o rei dos judeus?” A tradição popular os denomina “reis magos” e associa o dia 6 de janeiro, conhecido como “dia de reis”, à celebração com bolo e coroa. Contudo, no contexto do Evangelho de Mateus, esses sábios não são apresentados como reis, pois o verdadeiro Rei é Jesus. Isso vale até mesmo para Herodes: com efeito, no final do texto, ele já não é chamado de “rei”, mas é referido simplesmente pelo nome. Somente a tradição posterior é que, a partir do século 3o, verá os magos como reis, sem dúvida por associação com o Sl 72,10: “Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes”.
Nesses peregrinos se cumprem as palavras do profeta Isaías: “As nações caminham na luz de Deus” (Is 60,3). Ao empreenderem longo caminho e perseverarem no seguimento da estrela, fazem experiência da alegria (v. 10), a qual se plenifica quando, enfim, concretizam a esperança de adorar o Rei que procuram. Eles não só representam os povos do mundo inteiro que respondem ao chamado divino para a salvação, mas também atuam como reveladores da reação dos poderosos e das elites religiosas.
Herodes, por exemplo, ao ouvir falar desse outro “rei”, fica perturbado e faz uma série de questionamentos para saber “onde” e “quando” surgirá aquele que ele percebe como uma ameaça ao seu poder. Por trás de sua figura e de suas palavras, cheias de segundas intenções, surge a imagem sombria do faraó do Êxodo, que decidiu matar os meninos israelitas por medo do povo estrangeiro que residia em seu país (Ex 1,8-22; cf. Mt 2,16-18).
Em outro plano se encontram as autoridades religiosas, que conhecem as Escrituras e citam os profetas. No entanto, elas, apesar de tão estudadas, não buscam a profundidade das coisas, não se perguntam sobre as intenções de Herodes e permanecem alheias à nova revelação. Seu conhecimento lhes parece ser o suficiente; não o traduzem em atitude de vida.
Portanto, o relato do Evangelho da solenidade da Epifania do Senhor é convite para nos identificarmos com os magos e nos tornarmos, também nós, buscadores de Deus, reconhecendo em Jesus o Rei que cumpre as Escrituras e vem ao nosso encontro para fazer resplandecer sua luz em nossa vida.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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