Batismo de Jesus
O Evangelho deste domingo reúne dois breves textos (Lc 3,15-16 e 21-22) que situam Jesus em relação tanto aos seus antecessores quanto aos seus contemporâneos.
No primeiro trecho, o Batista, a respeito de quem todos se perguntavam se não seria o Messias, posiciona-se em relação àquele que havia de vir. Uma vez que João representa, de alguma forma, todos os profetas do Antigo Testamento, é a relação entre a Primeira Aliança e Jesus que está em questão. O batismo nas águas está em sintonia com os profetas que apelam à conversão – esforço este a ser sempre retomado por nós para nos aproximarmos de Deus e procurarmos ser fiéis aos seus ensinamentos.
Já anunciado pelo profeta Ezequiel (Ez 36,26-28), o batismo no Espírito – aquele que Jesus traz – torna possível a Nova Aliança. A aliança selada no batismo cristão não exige sacrifícios e práticas rituais, mas uma transformação do nosso coração pelo próprio Deus: “É o meu Espírito que colocarei em vocês. Por isso farei com que você siga meus mandamentos e guarde e respeite minhas regras” (Ez 36,27). Assim, Jesus, “aquele que batiza no Espírito Santo”, possibilita à pessoa um verdadeiro renascimento em Deus. Por conta disso, ele é infinitamente “mais forte” que todos os profetas que o precederam.
No segundo trecho, para situar Jesus em relação aos seus contemporâneos, Lucas conta como ele foi batizado junto com todo o povo. Aquele que é “o mais forte” não se apresenta como superior, mas humildemente se insere na fila dos que aderem ao processo de conversão proposto por João, uma atitude que – segundo o ensinamento deste último (cf. Lc 3,10-14) – significa o desejo de viver, com consistência, relações de partilha, justiça, recusa da violência e sobriedade.
Assim, solidário com o povo, Jesus dirige-se em oração ao Pai, que lhe responde (o céu abre-se): envia seu sopro sagrado sobre aquele que vai batizar a humanidade, um sopro semelhante à pomba sobre as águas do dilúvio, como um sinal de paz, reconciliação e aliança. Depois, Deus o proclama seu Filho querido: dá-o assim ao povo, no meio do qual já está, tornando-o seu Rei, o Messias salvador.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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