PERSEVERAR…
Jesus contou a parábola do juiz iníquo e da viúva inoportuna para mostrar-nos a necessidade de orar sempre, sem esmorecer, pedindo a Deus que faça justiça. A parábola nos ensina a importância da perseverança na oração. Pode ser que caiamos na tentação de deixar a oração de lado quando parece que Deus não está ouvindo os nossos pedidos ou quando as coisas não estão ocorrendo do modo que esperávamos.
Um verbo muito importante na vida do discípulo e missionário de Jesus é “perseverar” – que significa continuar em um mesmo caminho, durar, insistir em alguma coisa. Exemplo simples de perseverança se verifica quando alguém põe o leite para ferver. A pessoa precisa ficar ali, olhando, sem se distrair, porque, se não perseverar, se não se mantiver atenta, o leite pode se derramar. E não adianta espernear: o leite não vai ferver de acordo com a vontade de quem está ali, de olho, mas apenas quando atingir a temperatura de 100 graus Celsius. E, para que ferva, é preciso que vá esquentando aos poucos. De modo semelhante, a justiça de Deus vai acontecendo lentamente, de modo misterioso, e não em função de nossa impaciência.
Mas o que é a justiça de Deus? Quando falamos em justiça, logo nos lembramos dos tribunais, dos julgamentos, de juízes e advogados. A justiça de Deus, porém, é mais ampla e perpassa toda a nossa vida. A justiça que Deus quer ver realizada na existência de cada um coincide com o amor: amar a ele e ao próximo como a nós mesmos é o ato supremo de justiça. Quanto mais amorosa, mais solidária, mais verdadeira, mais plena de perdão for a nossa vida, mais justa ela será. A justiça é a realização da vontade de Deus. Não é a concretização de um desejo de vingança, mas do desejo de que haja vida, muita vida, vida em abundância para todos, de modo que uns não tenham demais e outros de menos.
São coisas assim que nos cabe pedir em nossa oração. E quando pedimos alguma coisa a Deus em nossas preces, estamos, antes de tudo, pondo-nos em suas mãos, suplicando que se realize a sua justiça. Se nossa oração é autêntica, como a oração de Jesus ao Pai, nós lhe apresentamos nossas necessidades, mas no fim de tudo e do fundo do nosso coração dizemos: “Faça-se a vossa vontade, Senhor”. E assim, pouco a pouco, um passo por vez, Deus vai nos ensinando a olhar o mundo e as coisas segundo seu coração, basta perseverarmos.
Claudiano Avelino dos Santos, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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