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Bíblia Sagrada - Edição Pastoral
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III. UM POVO AMEAÇADO

Deus se esconde na força dos fracos -* 1 Tempos depois, quando se acalmou, o rei se lembrou de Vasti, do que ela fizera e do decreto que havia publicado contra ela. 2 Então os cortesãos disseram ao rei: «Mande procurar jovens solteiras e bonitas. 3 O rei pode nomear comissários em todas as províncias do reino, e eles reunirão todas as jovens solteiras e bonitas no harém da fortaleza de Susa. Elas ficarão sob os cuidados de Egeu, eunuco do rei, que lhes dará o necessário para seus enfeites. 4 A jovem que mais agradar ao rei substituirá a rainha Vasti». A proposta agradou ao rei, e assim se fez.

5 Na fortaleza de Susa vivia um judeu chamado Mardoqueu, filho de Jair, filho de Semei, filho de Cis, da tribo de Benjamim. 6 Ele fora exilado de Jerusalém, entre os que tinham sido deportados com Jeconias, rei de Judá, por Nabucodonosor, rei da Babilônia. 7 Mardoqueu tinha criado Hadassa, que é Ester, sua prima, pois ela era órfã de pai e mãe. A jovem era muito bela e atraente e, quando os pais dela morreram, Mardoqueu adotou-a como filha.

8 Promulgado o decreto real, levaram muitas jovens para a fortaleza de Susa. E elas ficaram sob as ordens de Egeu. Levaram também Ester ao palácio, e a deixaram aos cuidados de Egeu, o guarda das mulheres. 9 Egeu gostou da jovem, e lhe deu logo o necessário para seus enfeites e a comida, entregando-lhe sete escravas, todas escolhidas do palácio real. Depois a transferiu com as escravas para um aposento melhor dentro do harém. 10 Seguindo as recomendações de Mardoqueu, Ester não disse a qual povo ou família pertencia. 11 Todos os dias Mardoqueu passeava pelo pátio do harém, para saber como Ester se sentia e como a tratavam.

12 Conforme o regulamento das mulheres, cada moça se preparava durante doze meses para se apresentar ao rei Assuero. Este era o prazo para o tratamento de beleza: seis meses à base de óleo de mirra e outros seis meses com vários bálsamos e cremes. 13 Quando chegava o tempo de apresentar-se ao rei, a jovem recebia tudo o que quisesse levar do harém para o palácio real. 14 Entrava no palácio à tarde e, na manhã seguinte, passava para um segundo harém, confiado a Sasagaz, eunuco real encarregado das concubinas. Ela não voltava mais para junto do rei, a não ser que o rei a desejasse e a chamasse pelo nome.

15 Chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a adotara como filha, apresentar-se ao rei. Ester, porém, nada pediu. Contentou-se com o que Egeu, eunuco real encarregado das mulheres, lhe havia dado. Ester atraía a simpatia de todos os que a conheciam. 16 Foi levada ao palácio real, até o rei Assuero, no décimo mês, o mês de Tebet, no sétimo ano do seu reinado. 17 E o rei preferiu Ester a todas as outras mulheres, tanto que a coroou e a nomeou rainha, no lugar de Vasti.

18 Depois disso o rei deu um grande banquete em honra de Ester, e convidou todos os altos oficiais e ministros. Também concedeu um dia de descanso para todas as províncias, e distribuiu presentes com liberalidade régia.

O estopim do conflito -* 19 Ester passou depois para o segundo harém, como as outras moças. 20 Mas não disse a qual povo ou família pertencia. Mardoqueu a proibira de fazer isso, e ela continuava a obedecer-lhe, como quando vivia com ele. 21 Nesse tempo Mardoqueu era funcionário da corte. Ora, Bagatã e Tares, dois funcionários do corpo da guarda, estavam descontentes e planejavam um atentado contra o rei Assuero. 22 Mardoqueu ficou sabendo do plano e informou a rainha Ester. Ela, por sua vez, contou tudo ao rei, em nome de Mardoqueu. 23 Fizeram uma investigação, e todo o plano foi descoberto. Os dois funcionários foram enforcados, e o acontecimento foi registrado nos anais do reino, em presença do rei.




* 2,1-18: Os poderosos compram ou se apossam do que bem entendem, e ter muitas mulheres é sinal de poderio econômico e prestígio social. Ester é órfã e vem do meio dos pobres e oprimidos, mas a sua beleza mostra que estes nada ficam a dever diante dos ricos. O nome dela significa provavelmente «a escondida» ou «aquela que esconde» - talvez para indicar o Deus que se esconde na ação dos fracos. De fato, Ester penetra no mais íntimo do sistema opressor, e o final do v. 18 já anuncia a intervenção libertadora, que ela vai realizar em favor de todo o seu povo.



* 19-23: Outra versão do fato já narrado em 1,1m-1r (cf. nota). Aqui Mardoqueu avisa o rei através de Ester. Não se fala nem de recompensa, nem de que Amã estivesse do lado dos conspiradores.






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