“Que não comece em qualquer de repente…” | Paulus Editora

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Família

15/08/2014

“Que não comece em qualquer de repente…”

Por Suzana Coutinho

Quando se fala da importância da família, geralmente se prende a atenção para um núcleo já formado: casal e filhos. Conversando com casais que estão juntos há décadas, não é difícil constatar as dificuldades, os desafios, os conflitos existentes numa relação e como eles tem buscado saídas para os seus problemas.

Essa conversa se estende quando nos aproximamos do momento histórico do encontro, do início do relacionamento, fase que denominamos de “namoro”.

Casais bem constituídos, famílias seguras de seus projetos geralmente são frutos de um namoro sadio, realista e afetuoso. Pode até ser que, não podendo viver tão bem a fase do namoro, depois de casados construam essa relação.

De fato, muitos outros casamentos veem-se à beira de um colapso, em grandes crises que misturam uma relação doentia, apatia e até violência.

E é comum se ouvir: “quando namorávamos era diferente”… Ou, “pensava que após o casamento, isso iria melhorar”.

Namoros mal construídos, relações falsas, criação de máscaras ou o romantismo que esconde a realidade não ajudam a formar uma família como tal.

O Papa emérito Bento XVI, durante encontro com jovens em Ancona (Itália), em setembro de 2011, falou aos casais de namorados, usando como texto-chave as Bodas de Caná, evidenciando alguns “vinhos” que faltam hoje.Salienta que os namorados vivem “uma fase única, que abre para a maravilha do encontro e faz descobrir a beleza de existir e de ser preciosos para alguém, de poder dizer um ao outro: tu és importante para mim.”

E recomenda: “…não vos esqueçais de que para ser autêntico, também o amor exige um caminho de amadurecimento: a partir da atração inicial e do ‘sentir-se bem’ com o outro, educai-vos a ‘amar’ o outro, a ‘querer o bem’ do outro. O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito do outro”.

Além disso, a fase do namoro precisa ser repensada como uma oportunidade de analisar se as personalidades são compatíveis, se é possível e desejável viver com uma pessoa que apresenta tais características, ou não.

Romper com um namoro que revela um casamento que será fracassado é uma atitude madura e responsável.

É preciso deixar o romantismo (ideais de pessoas e de relação que nem sempre são reais) e assumir, de verdade, a afetividade, o respeito e o diálogo, como forma de se conhecer profundamente o outro, a outra. Que possamos rezar sempre, com maior força, “que nenhuma família comece em qualquer de repente e não termine por falta de amor…”.

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