Entre 1º e 6 de agosto, cerca de 1,5 milhão de jovens estiveram em Lisboa, participando das diversas atividades promovidas pela XXXVII Jornada Mundial da Juventude, que teve como tema: “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, inspirado no Evangelho de Lucas 1, 39. Com a presença significativa do papa Francisco, foram inúmeros momentos marcados pelo testemunho de fé e alegria da juventude católica. No total, foram 11 intervenções, 8 discursos e 2 homilias do Santo Padre. Nas palavras do Pontífice, teve eco a expressão “todos, todos, todos”, proferida diversas vezes e em diferentes momentos.
Mesmo com a grandiosidade do evento e o número de participantes, apesar do mesmo tema e proposta, os presentes fazem uma experiência única. Foi o exemplo de Pe. Mario Roberto, ssp, animador vocacional da Província Brasil-Portugal-Angola da Pia Sociedade de São Paulo. Esta foi a quarta experiência do religioso na JMJ; ele esteve em 2005 em Colônia, Alemanha; 2011 em Madri, Espanha; 2013 no Rio de Janeiro, Brasil e 2023 em Lisboa, Portugal. Entre os momentos mais relevantes desta edição, o sacerdote destaca a convivência com a Família Paulina na Cidade da Alegria, que sediou a Feira Vocacional.
Neste espaço, foi montado o estande, que teve como mote a campanha “Connect your Life – Only He is the Way, the Truth and the Life”, organizado pelos Padres e Irmãos Paulinos, as Irmãs Paulinas e as Pias Discípulas do Divino Mestre. “Neste espaço, atendemos muitos jovens, conversamos, falamos dos nossos carismas, da nossa missão, apresentando o nosso material vocacional”, destaca o religioso. Para ele, a JMJ também auxilia os jovens em seu processo de discernimento. Ao oferecer ambientes como a Feira Vocacional, o evento encoraja e oferece possibilidades de partilha aos participantes que já vivem um processo de acompanhamento vocacional, ou mesmo aqueles que nunca pensaram nessa possibilidade.
Além disso, Pe. Mario relata que outros momentos relevantes desta edição foram a Via-Sacra, a Vigília e a peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Um aspecto que impactou o sacerdote foi o silêncio, presenciado em diversas ocasiões de forte oração e as palavras do Pontífice. “No último dia, na Missa de envio, quando o Santo Padre insistia: não temais, coragem, não tenhais medo. Ele dizia que Jesus conhece o nosso coração, conhece nossas alegrias e tristezas, sucessos e fracassos, e que Ele caminha com cada um de nós, por isso que não tivéssemos medo. Saí da Missa de envio com essa coragem e com essa certeza: as batalhas do dia a dia podem ser vencidas e nenhum medo pode ser maior do que o amor e a presença de Deus em nossas vidas”, afirma o animador vocacional.
Além dos períodos de oração e de escuta das palavras do papa Francisco, Pe. Mario destaca os aspectos culturais e fraternos do evento. “Você observa muita alegria e barulho, grupos com as bandeiras dos seus países dançando e cantando nas ruas, mas também fica impressionado com os grupos que estão em oração. Para mim, a JMJ é uma explosão de fraternidade, oração, alegria e esperança. Jovens, pessoas de diversos países, culturas diferentes, mas com o mesmo espírito, mostrando ao mundo que é possível convivermos em fraternidade, com paz e amor. A atmosfera da Jornada é maravilhosa”, conclui o religioso.
Estreia na Jornada Mundial da Juventude
Outro paulino presente na JMJ foi Pe. Reymel Juanillo Ramos, ssp, assessor de marketing da PAULUS Editora no Brasil. Para ele, foi a primeira experiência no evento. Em 1995, a Jornada aconteceu em Manila, capital das Filipinas, seu país natal, mas tinha dez anos na época e acompanhou somente pela televisão. Para ele, a ida a Lisboa envolveu muitas dúvidas, incertezas e fé.
Ele relata que, por ser missionário filipino residente no Brasil, precisaria de um visto específico para viajar para a Europa. Como a permissão não havia saído, ele não se programou para participar, mas rezava pedindo que o documento chegasse para que pudesse viajar. E o visto saiu uma semana antes do início da Jornada. O religioso optou por realizar sua inscrição como fotógrafo, ao invés de se inscrever como sacerdote. Ele conta que a aprovação também demorou para sair. “Fui a Fátima nos dias 29 e 31 de julho e implorei a Nossa Senhora para que saísse a minha permissão. Ela respondeu à minha oração no dia 31 de julho, na véspera do evento, através de um e-mail”, afirma. “A partir daí, aconteceram experiências e memórias inesquecíveis. Tirei ótimas fotos com peregrinos, tive a oportunidade de ver de perto o papa Francisco – não apenas uma vez, mas muitas vezes – encontrei muitos jovens de diferentes países e fiz amizade com alguns profissionais da mídia, voluntários e peregrinos. Na verdade, Deus é um Deus de surpresas. Fui para Portugal com muitas incertezas, mas saí alegre e abençoado”, completa Pe. Reymel.
Outro fato relevante de sua participação na JMJ foi que o padre optou por não se hospedar nas comunidades religiosas, mas ser acolhido nas casas das famílias, assim como os demais participantes. “Como qualquer outro peregrino, experimentei viver a simplicidade da vida com o meu ‘pai adotivo’, experimentei o desconforto de acordar cedo, fazer longas caminhadas, perder-me no transporte público e dormir tarde. Fiquei cansado, mas feliz”, relata.
Através das lentes de sua câmera, Pe. Reymel viveu uma experiência totalmente diferente, ser um “sacerdote-fotógrafo” na Jornada também foi um testemunho de vida e vocação. “Ao verem meu crachá de padre e fotógrafo, ouvi comentários de jovens peregrinos surpresos ao verem um religioso fotografando o evento. Naqueles momentos, senti que cumpria a minha missão, como filho de Alberione, como apóstolo da comunicação”, conta. “Ao ver como os jovens estavam entusiasmados e felizes em partilhar a sua fé, sua forte e profunda ligação com Deus, o seu grande carinho com o Santo Padre, inspirou-me a fazer o meu ministério como sacerdote fiel e feliz. Como paulino, a JMJ desafiou-me a refletir sobre formas de preservar, aprofundar e atrair mais para a beleza da nossa fé, utilizando a Comunicação Social, especialmente para os jovens peregrinos que são a esperança da nossa Igreja”, partilha o missionário.
Após a experiência, hora de colher e partilhar os frutos
Ao final da edição, os participantes trazem muitas recordações da Jornada, mas, sobretudo, um forte sentimento de pertença e o impacto por tudo aquilo que viveram e experimentaram durante os dias intensos de atividades.
Para Pe. Mario Roberto, os frutos colhidos desta edição da JMJ foram as novas amizades; o compromisso com a Casa Comum, pois esta edição destacou a importância da sustentabilidade, do respeito e do cuidado com o planeta; além do compromisso de rezar pelas vocações e pela paz no mundo.
De acordo com Pe. Reymel, apesar do cansaço pelas muitas horas de caminhada, o calor escaldante, multidões de pessoas, longas filas e os desencontros nos portões de acesso aos eventos, a JMJ surpreendeu positivamente. “Portugal encheu-se de vida. Cantavam-se nos metrôs, dançavam-se nas ruas, as igrejas se enchiam de gente rezando, os peregrinos exalavam felicidade. A grande multidão de diferentes países foi um grande testemunho de que a Igreja Católica é muito viva, diversa e universal. Na verdade, foram dias cheios de graça e fui verdadeiramente abençoado por estar na Jornada”, destaca.
Diante de toda incerteza que o religioso relatou, ele foi surpreendido pela graça de Deus: “Permita que Deus o surpreenda. Nunca subestime as mãos misteriosas de Deus que trabalham em você. Deus me surpreendeu e me abençoou tremendamente. Na verdade, os caminhos de Deus não são os meus caminhos. E não tenho nada a dizer, a não ser minha infinita gratidão a Deus, que tornou lindas todas as coisas que vivi na JMJ”, concluiu emocionado.