O texto e o leitor | Paulus Editora

Colunistas

Educação e Literatura

07/07/2015

O texto e o leitor

Por Alexandre Carvalho

Quando pensamos num texto, imediatamente nos vem à cabeça um leitor; um não existe sem o outro. Essa relação parece óbvia, mas a realidade não é tão simples assim. Para a literatura e, em geral, para aqueles que se dedicam e estudam o texto, é consenso que um texto, de fato, passa a existir quando é lido e produz no leitor algum tipo de reação, exerce fascínio e influência.

Um texto, por melhor e mais significativo que seja se ficar num depósito ou numa prateleira fechado, a rigor, não existe.

Cada texto, embora traga em si intencionalidade, marcas do tempo e da sociedade em que foi escrito e traços da experiência vivida de quem o forjou, quando tomado nas mãos por um leitor, ganha literalmente vida nova, pois o texto não é uma realidade passiva; ele, nesse momento, torna-se interlocutor em relação ao leitor. Podemos dizer que duas subjetividades se encontram para, juntas, construir algo novo (ou não).

O texto informativo, como o próprio nome sugere, é aquele que, de fato, informa ou deveria informar. Nesse sentido, um texto científico e uma notícia enquadram-se nessa categoria. Na escola, poderíamos dizer que a grande maioria dos textos apresentados tem caráter informativo, pois aí, nesse ambiente, a dimensão pedagógica prevalece. A aquisição de conhecimento implica (ou se relaciona) na apresentação de informações precisas e estáveis. O texto literário subverte essa lógica e isso deveria se dá de forma saudável e tranquila, pois o processo de aprendizagem se o tornaria mais rico.

É interessante ter presente que textos têm memória assim como outras realidades, como por exemplo, música ou perfume.

E memória, como sabemos, pode ser positiva ou negativa, prazerosa ou pesada. Noutra postagem, já questionei sobre aquele texto que traz a você boas recordações, lembra? Certamente esse texto existe. Há também aquele texto que suscita sentimentos desagradáveis, por quê? Para além desses aspectos ligados à dimensão afetiva e emocional, a relação texto- leitor se dá, também, por meio de um caminho de educação e de aprendizagem. Afinal, uma relação para se estabelecer exige de ambas as partes empenho, dedicação e respeito.

Em nossa próxima postagem, veremos que nenhum texto é neutro, mesmo os voltados para o público infantil e juvenil. Até lá.

1 comentário

15/3/2019

Amanda Larissa

Muito obrigada por seu texto, usei para uma interpretação em meu trabalho de redação, bom ponto de vista.