Há duas perspectivas de fé no Evangelho deste domingo (Jo 6,60-69): a dos que estão abertos para escutar a Palavra de Jesus e caminhar com ele; e a daqueles que vivem na ilusão, fechados em uma concepção de fé fácil, baseada na lógica do mundo.
O grupo que concebe uma fé fácil apenas ouve por ouvir, não escuta a Palavra do Mestre. Quem ouve por ouvir faz como diz o ditado: deixa “entrar por um ouvido e sair pelo outro”. Parte dos discípulos agia assim: ouvia na superfície. Não obstante, havia os que escutavam com atenção, disposição e profundidade, ainda que não compreendessem tudo.
A comunicação de Jesus foi sempre muito clara. Sua catequese não enganava ninguém. Ele jamais disse que o caminho seria sem dificuldades. Falava abertamente aos discípulos acerca dos desafios do seguimento e da necessidade de todos estarem unidos a ele.
O relato vem na sequência do discurso sobre o pão da vida. O Mestre acabara de falar-lhes sobre a verdadeira comida e a verdadeira bebida. A dureza das palavras a que os discípulos se referem tem que ver com a experiência de fé ainda imatura. Eles até ficaram admirados com os milagres, com as curas, com a multiplicação dos pães. Contudo, conceber que Jesus é o pão da vida exige adentrar o mistério profundo da pertença a ele. Para essa experiência eles não estão ainda dispostos. Por isso se escandalizam e muitos desistem.
Quando Jesus pergunta aos Doze se também querem ir embora, a resposta de Pedro é a resposta da comunidade aberta à ação do Espírito que dá a vida: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). É essa também a resposta que hoje podemos oferecer, cientes de que a Palavra de Jesus nos compromete a viver como ele viveu.
Diferentemente de alguns influenciadores digitais de nosso tempo, Jesus não almeja apenas números cada vez maiores de seguidores em suas redes. Ele quer, antes de tudo, discípulos e discípulas cada vez mais capazes de escutar, viver e anunciar a boa notícia.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
Assinar