VIVER A PALAVRA E ABANDONAR A HIPOCRISIA | Paulus Editora

O Domingo
VIVER A PALAVRA E ABANDONAR A HIPOCRISIA

O texto do Evangelho de hoje narra o encontro de Jesus com alguns fariseus e escribas. Estes apresentam um aspecto importante de conduta: o cuidado com a higiene. A higiene é necessária para manter a vida saudável – como experimentamos neste longo período de pandemia. Eles, porém, sendo legalistas, erram quando pensam que essas práticas higiênicas garantem o cumprimento da vontade divina ou quando as identificam com a Palavra de Deus.

Quando tradições humanas são absolutizadas, tornam-se obstáculo à Palavra de Deus, alienando e sufocando a liberdade das pessoas e criando barreiras entre elas. Sim, Deus deseja que não sejamos negacionistas e cuidemos bem da higiene para manter a saúde; isso, porém, não nos garante maior dignidade diante dele. São costumes que aprendemos de nossos antepassados e é aconselhável mantê-los, mas sem fazer disso nossa condição de bons cristãos.

Jesus adverte que não é sensato abandonar os mandamentos de Deus para seguir os costumes humanos. Podem-se manter as boas tradições dos antepassados, mas o essencial está sempre na proposta de Jesus. A seguir, o Mestre convoca a multidão e esclarece o que realmente torna alguém impuro: o que é tramado dentro do coração. É deste que partem os desejos funestos contra os outros.

É importante discernir o que agrada a Deus e contribui para a valorização das pessoas, sem desprezá-las, discriminá-las ou condená-las. A estratégia do confronto não é cristã. Nunca esqueçamos que é a caridade que faz a diferença no cristão. A multiplicação de regrinhas pode nos tirar daquilo que efetivamente importa: a caridade. Somos convidados a ter cuidado para não abandonar o Evangelho de Jesus, seguindo doutrinas humanas.

Citando o profeta Isaías, Jesus mostra o risco de louvar a Deus apenas com os lábios, enquanto o coração se encontra longe de Deus e dos outros. O risco de toda religião é prestar culto a Deus apenas com louvores e longos discursos – não raro moralizantes. Quando isso acontece, nosso culto torna-se ruidosa rotina intimista, perdendo-se o essencial do ensinamento de Jesus: o amor a Deus e o compromisso com o próximo.

Pe. Nilo Luza, ssp


O Domingo

É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.

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