23 de fevereiro – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
23 de fevereiro – 7º DOMINGO DO TEMPO COMUM

AMAR DE FORMA GRATUITA, COMO DEUS

A linguagem que Jesus usa no Evangelho deste domingo relativamente ao comportamento a adotar em face dos adversários é provocativa e está em sintonia com o texto precedente, das bem-aventuranças. Jesus vai deliberadamente contra o comportamento comum, como se quisesse desestabilizar o pensamento dominante. Seu convite para amar os inimigos não consiste na obrigação de termos afeição por eles.

De fato, o verbo utilizado em grego, agapaô, exprime respeito, até benevolência, o que se traduz, concretamente, em ações que desdobram esse primeiro imperativo: fazer o bem a quem nos quer mal, falar bem da pessoa que fala mal de nós, rezar por ela. Ou seja, responder ao mal com o bem. Nesse sentido, se a violência se impõe, é a não resistência que Jesus defende. As atitudes que ele recomenda visam neutralizar a violência, recusando a entrada numa dinâmica que a alimentaria. E ainda que não haja sucesso em desarmar os espíritos, essas atitudes oferecem aos violentos um espelho no qual se possam ver em sua verdade.

A primeira parte do texto (v. 27-31) é concluída pelo que chamamos de “regra de ouro”: “O que você quer que os outros façam por você, faça o mesmo por eles”. Essa é uma regra comum de sabedoria que traz novos matizes ao discurso anterior. Com efeito, aqui já não se trata de como reagir às adversidades, mas da atitude a cultivar nas relações cotidianas.

A segunda parte (v. 32-35) amplia o tema e, ao mesmo tempo, evita o que poderia ser um efeito indesejado da regra de ouro. A reciprocidade positiva entre as pessoas é louvável, mas a prática do bem não pode ficar restrita e confinada ao pequeno círculo daqueles que entram no jogo de fazer mutuamente o bem. Trata-se, diz Jesus, de ir além dessa lógica e dar o primeiro passo fora de qualquer reciprocidade esperada. Aderimos, então, a uma forma de gratuidade que é a do próprio Deus, gracioso até para com os ingratos. É um convite a acolher a lógica do Evangelho.

A terceira parte (v. 36-38) centra o olhar em Deus, modelo para nossas relações. Somos encorajados por Jesus a agir como o Pai, mostrando misericórdia e promovendo a reconciliação. Mais uma vez, três verbos esclarecem esse convite global: não julgar, não condenar, “des-culpar” para libertar o malfeitor culpado. Em suma, agir de forma diferente do que a espontaneidade impõe.

Christian Dino Batsi, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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