Literatura infantil, revisitando suas origens | Paulus Editora

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Educação e Literatura

04/05/2015

Literatura infantil, revisitando suas origens

Por Alexandre Carvalho

Como marco inicial ou nascedouro, ao menos para o Ocidente, a literatura infantil surge no século XVII com François Fenélon, 1651-1715, padre, teólogo, poeta e escritor francês; dentre seus escritos, os considerados infantis, surgiram a pedido da duquesa de Beauviller, justamente com a função de educar moralmente as crianças, de modo particular as meninas. As narrativas propostas tinham estrutura maniqueísta, a fim de demarcar claramente o bem a ser aprendido e o mal a ser desprezado. A maioria dos contos de fadas, fábulas e mesmo muitos textos contemporâneos incluem-se nessa tradição.

Naquele momento, a literatura infantil constitui-se como gênero em meio às transformações sociais e repercussões no meio artístico.

Em 1697, Charles Perrault, 1628-1703, também francês, traz a público, as histórias que ouvia de sua mãe e nos salões de Paris. O livro, publicado em janeiro de 1697, teve como nome: Histórias ou contos do tempo passado com moralidades, ou “Contos da Velha”; ou ainda: “Contos da Cegonha”: e, por fim, “Contos da mamãe gansa”. Tal publicação ultrapassou os limites territoriais franceses e ganhou caráter universal; a obra de Perrault dá início a um novo gênero literário: o conto de fadas. Noutras palavras, Perrault dá moldura (ou acabamento) literária às histórias que, até então, transitavam de forma oral; ele, em sua edição, retirou as passagens obscenas de conteúdo incestuoso e canibalismo. Assim, acredita-se que, antes do cunho pedagógico, houve o objetivo de leitura voltada para adultos. Eis os contos que faziam parte dessa primeira edição, embora seja possível encontrar variações: A Bela Adormecida, O Pequeno Polegar, Cinderela, Barba Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Henrique, o Topetudo, Pele de Asno, Os Desejos Ridículos, Grisélidis. Posteriormente, Charles Perrault trouxe a história moralizadora e mais adequada aos ambientes sociais que conviviam na época. A história da menina e do lobo sofreu ainda alterações por Hans Christian Andersen e pelos Irmãos Grimm.

Também no Brasil, a exemplo do que acontecia na Europa, a literatura infantil nasce e desenvolve com os textos pedagógicos; sem dúvida as primeiras produções adaptam aquilo que era feito em Portugal. Pode-se dizer, com mais propriedade e precisão, que a literatura infantil brasileira teve início com Monteiro Lobato e suas personagens inesquecíveis.

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