Família e Igreja: ecos do Sínodo sobre a família – I | Paulus Editora

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Família

18/11/2014

Família e Igreja: ecos do Sínodo sobre a família – I

Por Suzana Coutinho

Entre os dias de 5 a 19 de outubro de 2014, foi realizada, no Vaticano, a 3.ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Muitos acompanharam esse momento de grande importância para a Igreja. Na mensagem final, os próprios bispos lembram que também eles,

“pastores da Igreja, nascemos e crescemos em uma família com as mais diversas histórias e acontecimentos. Como sacerdotes e bispos, encontramos e vivemos ao lado de famílias que nos narraram em palavras e nos mostraram em atos uma longa série de esplendores mas também de cansaços”.

Ainda na mensagem final, os bispos enumeram os desafios vividos pelas famílias hoje: “(…), os grandes desafios da fidelidade no amor conjugal, do enfraquecimento da fé e dos valores, do individualismo, do empobrecimento das relações, do stress, de um alvoroço que ignora a reflexão, que também marcam a vida familiar”. E completa essa relação: “Pensemos as dificuldades econômicas causadas por sistemas perversos, pelo ‘fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano’ (Evangelii Gaudium 55), que humilha a dignidade das pessoas”.

São palavras que revelam que é a realidade que indaga a fé e pede dela uma resposta capaz de promover a pessoa humana, a libertá-la das situações de desumanização, como fez e faz Jesus.

Ainda antes do início do Sínodo, houve muitas divergências quanto a pontos considerados “polêmicos”, como a comunhão para casados em segunda união, a acolhida aos homossexuais e os casais em união estável. Com certeza, não se trata de um diálogo fácil. Há os que nem desejam tocar em determinados assuntos, dando por decidido o que já vigora. E outros que gostariam de novos olhares sobre novas realidades. Em uma das entrevistas coletivas, ainda no início do Sínodo, o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, assinalou as diferenças em torno da doutrina e da misericórdia, destacando, no entanto, que uma não exclui a outra.

São posturas que se encontram também nas realidades das comunidades e paróquias do mundo todo e que convidam a Igreja a rever-se constantemente.

No relatório final, prevaleceu o sentido da Igreja como mãe, que deve acolher as pessoas e as famílias, principalmente aquelas que se encontram feridas. “Acolher e acompanhar essas pessoas com paciência e delicadeza”, afirma o documento que também conclama a Igreja a fazer “escolhas pastorais corajosas” junto a essas famílias.

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