Entre sombras e luzes: a família e a educação – III | Paulus Editora

Colunistas

Família

10/06/2014

Entre sombras e luzes: a família e a educação – III

Por Suzana Coutinho

Um dos grandes desafios para as famílias, na atualidade, tem sido a busca de uma pedagogia que integre o respeito às diferenças, a autonomia das pessoas e a vida em comum. Muitos pais, avós, tios sentem enorme dificuldade em saber quais os caminhos a seguir, para propor, de fato, um processo educativo para os filhos. Há os que sofrem com a falta de uma “escola para pais”, que ensine a lidar com as dificuldades, manhas e birras dos filhos.

Alguns apostam em repetir o sistema utilizado pelos seus pais e outros abriram mão, deixando o “tempo” e a “vida” ensinar os mais jovens.

O fato é que os adultos não podem negar às novas gerações seu papel de educadores. Não porque seja isso uma forma de exercício de poder, mas de serviço aos que estão chegando. Não se pode negar a eles a responsabilidade de mostrar caminhos, cultivar qualidades essenciais à vida humana e social e alertar sobre os perigos de decisões mal tomadas.

Educar ainda é tarefa da sociedade como um todo, a começar pela família. E esta não pode transferir o seu papel para outras instituições (escola, meios de comunicação, Igreja, ongs). Elas existem para apoiar a família em algumas áreas específicas, mas não para a substituir.

O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios, já chama a atenção dos pais para que eduquem seus filhos:

“Pais, não deem aos filhos motivos de revolta contra vocês; criem os filhos, educando-os e corrigindo-os como quer o Senhor” (Ef 6, 4).

Pode-se, então, ler esse versículo em três aspectos. O primeiro está no início do texto e corresponde ao reconhecimento de que os pais exercem sua responsabilidade, de forma amorosa, com os filhos. O segundo está na palavra “educar” que corresponde a mostrar o bom caminho; e o terceiro, na palavra “corrigir”, que é diferente de “punir”, e que corresponde ao exercício de rever o caminho que o filho escolheu e mostrar-lhe, novamente, o certo. A educação amorosa não dispensa a correção, pelo contrário. O que ela não suporta é a violência, o rancor, o ódio e a indiferença. Dizer não, em muitas situações, é prova de amor.

Os pais-educadores devem assumir sua responsabilidade com discernimento, sabedoria e alegria. Devem reconhecer que também estão aprendendo a serem pais-educadores.

Mas, de nenhuma forma, pode-se transferir o papel da família. Essa função é irrenunciável. A palavra de Deus convida a viver na alegria, na esperança e no amor a missão que o Senhor confiou aos que recebem, acolhem e assumem a tarefa de educar.

1 comentário

10/6/2014

Cássio

Muito interessante a reflexão. Bem atual.