Entre sombras e luzes: a família e a educação – II | Paulus Editora

Colunistas

Família

15/05/2014

Entre sombras e luzes: a família e a educação – II

Por Suzana Coutinho

Muitos jovens casais e, até mesmo, os mais maduros, desconfiam dos tempos atuais. A realidade não tem sido motivadora de sonhos e projetos. As grandes teorias que procuravam dar sentido à organização social, chamadas de ideologias ou utopias, são hoje desacreditadas.

Diante dessa onda, ou tsunami, de desilusões, é possível acreditar e construir um outro projeto de vida, para si mesmo e para a sociedade?

A busca pela sobrevivência material hoje consome boa parte do tempo das pessoas. Pais e mães aflitos correm de um lado para outro, buscando e levando crianças e adolescentes para atividades e mais atividades. Precisam organizar o tempo de forma que consigam realizá-las aos montes. O tempo da família é o do trânsito… isso quando não são outras pessoas encarregadas de conduzir os pequenos e os jovens para seus lugares de “ação”. Sobra pouco tempo para o diálogo.

O que fica, às vezes, é o silêncio vazio (porque o silêncio também pode ser fecundo) diante das telas: de televisão, do videogame, do computador, do tablet, do smartphone.

Mesmo muitas conversas entre os membros da família são mediadas pelas novas tecnologias: mensagens de textos, e-mails e redes sociais servem para comunicar, informar, brigar e até manifestar carinho. Mas, a presença, o toque, o olho no olho, essas atitudes diretas de relacionamento, de pessoas que moram na mesma casa, vão se perdendo, distanciando, implodindo as relações familiares. Conhece-se mais as “histórias” dos personagens de novelas, filmes e videogames do que as dos filhos, pais, irmãos…

A palavra de Deus é rica em conselhos familiares. Os chamados livros sapienciais dedicam boa parte de sua reflexão às relações entre os membros da família. Fala aos esposos, aos pais e aos filhos. Pode-se sintetizar esses conselhos em alguns princípios:

deve-se respeitar e cuidar uns dos outros, pois a vida é dom de Deus; a família que vive sob a lei do amor é sinal (testemunha) e fonte de benção de Deus, pois se abre a ela a todo instante, fazendo-a jorrar também sobre os outros (na acolhida, na solidariedade, no respeito).

A família é chamada a aprender da sabedoria do povo de Deus. É convidada a rever o seu próprio tempo e a colocar o seu coração onde está o seu tesouro (cf. Mt 6,21). A “perder tempo” com a presença, ainda que no início seja como escalar o Everest, porque a distância se fez tão grande que quebrá-la vai exigir esforço, criatividade, esperança e persistência.

nenhum comentário