Entre sombras e luzes: a família e a educação – I | Paulus Editora

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Família

14/04/2014

Entre sombras e luzes: a família e a educação – I

Por Suzana Coutinho

Não é difícil encontrar hoje casais que se colocam o limite de um ou dois filhos no máximo. E quando indagados, justificam dizendo da dificuldade que hoje se tem de “educar os filhos”.

E, realmente, educar, no sentido de preparar alguém para a vida, não é tarefa fácil para ninguém! É uma decisão que precisa ser muito bem pensada, refletida e assumida com coragem e radicalidade (no sentido de ir ao fundo das questões, nas suas raízes), mas também com esperança e fé.

Violência, instabilidade social e econômica, o apocalipse ambiental que se anuncia, cada vez mais forte e mais claro, entre outras dimensões da vida atual provocam a família a pensar sobre seu papel e seus sonhos. O grande problema, para muitas dessas famílias, é que elas já abandonaram suas perspectivas de futuro. As pessoas não creem mais tanto na possibilidade de mudanças e fica difícil pensar esperançosamente, qualidade imprescindível para apostar no futuro. E para educar.

Se é para a vida que se educa os filhos, a pergunta que se segue é: para qual tipo de vida?

Se o projeto de uma família é inserir-se no status quo, correrá o risco de propor aos filhos as “verdades” da competição, do egoísmo, da violência e do desconhecimento do outro, geradas pelo desamor. No entanto, propor uma outra concepção de vida exigirá crer na mudança, no “ir contra a maré”, até que as atitudes e palavras, somadas e coerentes, que pareciam, até então, uma pequena brisa, se transformem no diálogo criativo e criador, traçando e construindo uma outra realidade possível.

Ter filhos foi visto, por muito tempo e entre muitos povos, como sinal de bênção. Abraão e Sara tiveram uma grande esperança, mesmo quando ela parecia não mais ser possível de se realizar. Um filho foi o sinal de que Deus daria a eles uma grande descendência, um povo dedicado ao Deus único. Educar esse filho e esse povo não foi tarefa fácil.

No caminho, surgiram sombras e luzes, mas era preciso confiar em Deus e no seu projeto de amor, preparando aquele filho e o povo que nasceu dele para viver a aliança de amor com Javé.

Hoje, o desafio continua, repleto de dúvidas, incertezas e desilusões, mas também é possível encontrar, neste deserto da vida atual, o maná que cai do céu e alimenta o povo de fé e esperança num futuro novo e diferente. E quais princípios deverão fundamentar a educação da nova geração para a construção dessa nova sociedade? O conselho do salmista anima a “evitar o mal e praticar o bem, e sem descanso procurar a paz” (Sl 34 [33], 15).

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