Uma das grandes dúvidas de muitas famílias hoje é qual caminho seguir na educação dos filhos. Entre os vários projetos possíveis e, inclusive, a falta de um projeto, muitos pais e mães (também avós e tios) se questionam se é melhor dar disciplina ou autonomia: um caminho de regras dadas pelos adultos, ou um caminho de liberdade, deixando que a vida ensine?

A experiência, no entanto, tem mostrado que ambas as propostas, quando vivenciadas sozinhas, não tem mostrado bom resultado.

Parece, então, que o melhor é construir um projeto educativo que tenha um pouco de cada: de disciplina, necessária para a organização da vida pessoal, comunitária e social; e de liberdade, para que a pessoa aprenda a ter responsabilidade sobre seus atos. Afinal, há regras na sociedade onde essas crianças vivem e viverão como adultas, e é preciso aprender a conviver com elas, inclusive a debater sobre aquelas que possam ser injustas. De outro lado, nem sempre a família estará por perto, para “responder” pelos atos dos filhos e eles precisam também aprender a dar respostas conscientes, criativas e cuidantes.

Ser livre, portanto, não é fazer o que se quer, mas o que é preciso e possível em cada circunstância, tendo em vista o bem para si e para os outros.

Na exortação apostólica Familiaris Consortio, de São João Paulo II, no número 21, o papa recorda que é fundamental para a comunhão da família o “intercâmbio educativo entre pais e filhos, no qual cada um deles dá e recebe”. Salienta que a obediência dos filhos aos pais está ligada a vivência da autoridade irrenunciável dos pais, vivida “como um ‘ministério’ verdadeiro e pessoal, ou seja, como um serviço ordenado ao bem humano e cristão dos filhos, ordenado particularmente a proporcionar-lhes uma liberdade verdadeiramente responsável; e se os pais mantiverem viva a consciência do ‘dom’ que recebem continuamente dos filhos”.

Pode-se dizer, assim, que o magistério da Igreja chama as famílias a viverem a disciplina necessária para a construção da liberdade responsável.

Disciplina que só terá sentido se vivida dentro de um projeto humano-cristão, que prepare as novas gerações para uma vida iluminada pela fé e capaz de promover uma sociedade justa e solidária.

Mineira, professora, educadora popular e jornalista. Formada em Comunicação Social – Jornalismo, especialista em Comunicação Social pelo SEPAC e Mestra em Educação Sociocomunitária pelo Unisal /Americana. Integrante da equipe da revista Ecoando. Assessora movimentos sociais, pastorais e movimentos da Igreja.

Copyright © 2024 PIA SOCIEDADE DE SÃO PAULO - Todos os direitos reservados