A família e as eleições – I | Paulus Editora

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Família

17/09/2014

A família e as eleições – I

Por Suzana Coutinho

Na sociedade atual, marcada pela descrença nos sistemas e instituições vigentes, o descrédito no sistema político dá o tom no período eleitoral.

Vive-se um estado no qual ou se é indiferente, ou se critica a tudo e todos, ou se leva na brincadeira.

O mal desses posicionamentos é que deles decorre um certo tipo de política, e não a sua modificação em algo que seja melhor. E a política, querendo ou não, intervém no dia-a-dia das pessoas e das famílias, há milênios e o continuará fazendo.

A questão é: o que e como propor outra forma de exercício político que possa, de fato, ser serviço ao bem comum?

Olhando para a Bíblia, as posições políticas marcaram a vida e a caminhada do povo de Israel. O que se pode aprender com isso? Foram decisões de governo que salvaram o povo do Egito da fome, orientadas por José (Gn 41) e, pela solidariedade deste, salvaram também a família de Isaac. Foi também uma decisão política que transformou o povo de Israel em escravo no Egito e obrigou à morte os recém-nascidos do sexo masculino (Ex 1).

Governos que fizeram leis justas (que agradavam a Deus) e os que promoveram a iniquidade (fazendo o que Javé desaprovava), marcaram o reino de Israel. Tanto em um, como nos outros casos, houve quem se mobilizasse e anunciasse o bem necessário, denunciando as injustiças cometidas contra o povo, entre eles, os profetas (Is 30; Jr 42; Ez 22; Oz 7, Mq 6; Na 3; Hab 2, entre outros). Mulheres e homens se ergueram para defender o povo, como as parteiras do Egito (Ex 1, 1-21), Moisés e seus irmãos (Ex 4), os juízes e juízas, além de muitas outras lideranças. E as nossas famílias, como tem vivido a promoção da justiça social?

Votar bem é um dos caminhos, mas não o único. A escolha, por melhor que seja, não altera, em si mesmo, o quadro atual.

É preciso uma consciência crítica e ativa no mundo da política, como o acompanhamento organizado das tomadas de decisões, das proposições de leis, do andamento das ações públicas.

A família é convidada a participar, ativa e conscientemente, da vida política de nossa sociedade, principalmente na defesa da ética na política e na educação para o pleno exercício da cidadania, conforme nos convida a CNBB, no Documento “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, n. 285.

A família cristã não pode aceitar a manipulação eleitoral (compra de votos), ou um discurso de indiferença diante da política, pois, desde o pãozinho da padaria até a promoção de trabalho e renda, nosso cotidiano depende das ações políticas.

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