Vocação familiar: chamados a servir | Paulus Editora

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Família

17/08/2017

Vocação familiar: chamados a servir

Por Suzana Coutinho

Agosto é dedicado às vocações. Didaticamente, se faz isso utilizando um tema para cada domingo do mês. O segundo, que é dedicado aos pais, é momento de reflexão da vocação familiar, abrindo a Semana da Família, que muitas paróquias celebram com momentos de oração e reflexão. Corre-se, no entanto, um risco: de se apropriar da vocação como um dom especial que serve… a si mesmo!

Descontextualizar o sentido de vocação pode levar ao não comprometimento com o seu sentido mais profundo: o compromisso com a construção do Reino de Deus, não só em sua vida pessoal, mas na comunidade e na sociedade. O que significa ser chamado para a vida familiar? Que consequências existem ao se assumir esse chamado? Que respostas são apresentadas a Deus, nesse diálogo que Ele abre com as mulheres e homens de hoje?

A Palavra de Deus pode ser lida como o livro dos “chamamentos”: é a narrativa de como mulheres e homens foram sendo chamados por Deus para realizar o seu projeto de vida e libertação do seu povo. Olhando para Abraão e Sara, Moisés, Samuel e os demais profetas, Maria de Nazaré, os apóstolos e os primeiros cristãos, compreende-se que a vocação não é um chamado para “ser feliz para si mesmo”, mas para ser sinal, testemunha, serviço ao povo, no compromisso com a vontade de Deus. A narrativa da vocação de Moisés é um exemplo disso (Ex 3 – 4).

As famílias são chamadas a se comprometerem, a partir do ambiente familiar, com o mesmo projeto. Ao responderem sim a Deus, fazem uma aliança não somente com seus membros, mas com toda a humanidade, vista como a grande família de Deus. Assim, a vocação comporta sempre uma missão que se realiza na especificidade das relações familiares (cuidado e educação dos filhos), eclesiais (cuidado pastoral e evangelização de outras famílias) e sociais (solidariedade, promoção do bem comum e transformação das estruturas sociais injustas, cuidado com o meio ambiente), como ensinam os bispos no Relatório Final do Sínodo dos Bispos sobre a Família (n. 93).

A família, chamada por Deus a ser lugar de sua ação, e recebendo Dele a força de seu Espírito, é também enviada para proclamar a boa nova aos pobres, a libertação aos presos e a recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e, assim, proclamar o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4, 18-19). Começa dentro de sua casa, vivendo a graça do amor no cotidiano, mas expande essa força libertadora de Deus para a comunidade cristã e para toda a sociedade, testemunhando a misericórdia e a ternura divinas.

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