O Evangelho de hoje fala do amor gratuito e misericordioso, que facilmente pode se dissolver nas relações interesseiras, do querer sempre algo em troca.
Amar os inimigos, fazer o bem a quem nos odeia, falar bem de quem fala mal de nós, rezar pelos que nos caluniam são os mandamentos de Jesus para romper o círculo de ódio e vingança. Mais que comportamentos exteriores, supõem uma mudança de mentalidade constante e uma atitude de vigilância sobre nós mesmos, para não cairmos no instinto natural de revidar o ódio, a calúnia e o mal.
O fundamento de uma tal atitude está na consciência de que nosso Deus é misericordioso e somos chamados a ser também misericordiosos. A misericórdia como princípio de vida nos tira do centro do mundo, faz-nos olhar o outro, sentir com o outro, fazer opções em favor do outro. A misericórdia é irmã gêmea da gratuidade, e uma não vive sem a outra. Mas – pergunta Jesus – que gratuidade é a nossa, se agimos apenas esperando receber em troca, nem que seja reconhecimento?
O amor maior de Jesus é o amor gratuito e misericordioso de quem não apenas não revida o mal, como também está sempre atento ao bem do outro e busca, a todo custo, que se respeite a dignidade de todas as filhas e filhos de Deus.
Oferecer a outra face quando alguém nos agride não é fácil, e não se trata de nos resignarmos diante do mal que sofremos e que o mundo sofre. A atitude não violenta pressupõe o desejo de ajudar quem nos agride. Pois se o princípio do amor gratuito e misericordioso é o que move nossa vida, não cabe senão desejar que esse mesmo princípio comece a mover a vida das outras pessoas.
Ainda que haja tanta gente já machucada nas duas faces, ainda que nós mesmos por vezes nos sintamos assim, nem por isso temos o direito de sair por aí agredindo e machucando os outros, porque, como sabemos, violência gera violência, e o Mestre é o exemplo de que ódio é com amor que se paga.
Pe. Paulo Bazaglia, ssp
É um periódico que tem a missão de colaborar na animação das comunidades cristãs em seus momentos de celebração eucarística. Ele é composto pelas leituras litúrgicas de cada domingo, uma proposta de oração eucarística, cantos próprios e adequados para cada parte da missa e duas colunas, uma reflete sobre o evangelho do dia e a outra sobre temas relacionados à vida da Igreja.
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