VIGILANTES, ESPERAMOS O SENHOR | Paulus Editora

O Domingo – Palavra
VIGILANTES, ESPERAMOS O SENHOR

Com a irrupção inesperada da pandemia da covid-19, muitos têm pensado nos “sinais dos tempos” nos moldes do que foi anunciado no Evangelho deste domingo. A leitura desse texto, no contexto das consequências da pandemia que ainda vivemos, pode levar alguns a identificar nele a descrição do fim do mundo. Não é essa, porém, a questão, e não há motivo para medo, até porque, como lemos, em meio aos cataclismos anunciados, Cristo se revela vitorioso. Não existe, pois, espaço para a desesperança. Com efeito, o Advento, que iniciamos hoje, é, antes de tudo, um tempo de grande esperança, simbolizada pela figueira (da parábola proclamada dois domingos atrás) que anuncia o bom tempo e a volta do verão, garantindo-nos que Deus quer dar sentido à nossa vida e renová-la com a festa do nascimento de Jesus.

Na caminhada rumo ao Natal, Jesus não quer suscitar em nós o medo; em vez disso, chama-nos, neste tempo difícil, a erguer a cabeça (v. 28a). Os sinais catastróficos assustadores que lemos no Evangelho (v. 25-26) não podem criar pânico em nós, mas devem nos estimular a ficarmos vigilantes – atentos e em oração –, porque Cristo está vindo. Lucas, certamente, quer sacudir a apatia, a indiferença e o cansaço que podem prostrar as comunidades no tempo de espera. Nesse sentido, as imagens fortes do seu Evangelho nos convidam a despertar, a levantar, a viver na expectativa daquilo que Cristo traz ao mundo e fará, no seu retorno na glória. Isso está tão presente na liturgia, que a mensagem de São Paulo, na segunda leitura, vai nessa mesma direção.

O testemunho de Paulo ecoa o Evangelho, ao apresentar o retorno de Cristo como muito próximo. De fato, o apóstolo convida os tessalonicenses a olhar para o futuro, a viver a espera do Senhor, com confiança, cheios da presença do seu Salvador, que um dia virá definitivamente para levá-los consigo. No momento em que escrevia essa carta, cerca de 30 anos após a morte de Jesus, Paulo esperava ver, ainda em vida, o retorno do Senhor. Posteriormente, compreendeu que esse retorno é um mistério que um dia se revelará. Assim, entrou no essencial de toda a vida cristã: viver com Cristo aqui e agora (cf. Gl 2,20).

Sentimo-nos confiantes com essa perspectiva de São Paulo, que nos é familiar, porque nossa expectativa da volta de Cristo se apoia na fé. Somos, portanto, convidados a nos tornarmos perseverantes buscadores de Deus. E o tempo do Advento nos proporciona a oportunidade de ficarmos mais despertos, em vigilância ativa, à sua espera.

Christian Dino Batsi, ssp


O Domingo – Palavra

O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.

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