Neste dia de Natal, tenhamos os olhos abertos e os ouvidos atentos para o mensageiro mencionado pelo profeta Isaías, que anuncia a paz e a Boa-nova da salvação. Trata-se daquele a quem ninguém jamais viu, como ressalta o prólogo do Evangelho segundo São João (v. 18), texto que se abre com as mesmas palavras iniciais do livro do Gênesis: “No princípio”, referindo-se explicitamente à criação. De fato, é de Deus a obra da criação, e hoje ele vai mais longe, fazendo-se humano, totalmente próximo de nós. É Natal!
O Evangelho traz uma revelação essencial sobre o Filho de Deus, um anúncio e, mais ainda, um convite a ingressarmos em novo relacionamento com Cristo. No fundo, o evangelista quer partilhar conosco sua experiência de fé, ou seja, de acolhimento do Salvador. Sobressai, porém, o problema da não recepção. Três vezes o evangelista observa que as trevas não receberam a Palavra feita carne (v. 5b), e o mundo também não quis reconhecê-la (v. 10b.11b). No restante do texto, fica explícito que aqueles que, na fé, recebem Jesus se tornarão “filhos de Deus” (v. 12), verão sua glória, receberão graça sobre graça e terão acesso ao Pai (v. 14).
Ressoa aqui um convite, em nível comunitário e pessoal, para acolher Cristo na própria vida. Ao celebrar desse modo o santo Natal, aceitamos que o Deus Menino nasça em nós, o que implica acolher também, de forma profunda e sincera, nossos irmãos e irmãs. Não só por caridade – o que já é muito bom –, na medida em que precisam da nossa ajuda, mas também por reconhecer neles o que está além deles, aquilo que têm de mais precioso e talvez até ignorem: em suma, o divino neles. É assim que acolhemos concretamente a Cristo hoje. Isso, é claro, não nos isenta de sermos solícitos com aqueles a quem podemos ajudar e fornecer-lhes o que está ao nosso alcance fazer.
O período do Natal – sobretudo neste momento histórico em que várias famílias e pessoas estão sofrendo as consequências do longo tempo da pandemia – convida-nos a alargar nosso acolhimento e reservar um lugar entre nós aos que se encontram isolados ou abandonados. Na medida do possível, cabe-nos compartilhar o que somos e temos com aqueles que estão mais necessitados ao nosso redor; com aqueles que estão talvez próximos demais, para que possamos sempre ser sensíveis àquilo de que mais precisam e reconhecer neles o que têm de mais precioso e único. Natal é tempo de renovar nossa disposição de acolher, deixando-nos alcançar pela luz da verdade que a todos quer iluminar.
Christian Dino Batsi, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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