A PORTA ESTREITA
As leituras deste domingo falam-nos da salvação oferecida por Deus a todos. A salvação é um dos maiores desejos do ser humano. Não é novidade alguma afirmar que “ao novo povo de Deus, todos os homens são chamados” (LG 13). Sabemos também que, para fazer parte do “povo de Deus”, não é decisivo nem a etnia, nem o sexo, nem a posição econômico-social, tampouco o nível intelectual, mas sim a adesão a Jesus Cristo e o comprometimento com o projeto salvífico de Deus.
Nós, como comunidade de cristãos, somo convidados a ser – não só em teoria, mas também na prática – verdadeiros concretizadores do projeto de Deus. Nossas comunidades são chamadas a serem lugares onde prevaleça a prática da igualdade, da justiça e da fraternidade. Precisamos, ainda, ter consciência de que entrar pela “porta estreita” (v. 24) é, antes de tudo, fazer-nos pequenos, humildes, simples e servidores. É sermos capazes de amar o próximo até o extremo e fazermos da existência um dom. Essa imagem da “porta estreita” significa a renúncia a uma série de fardos que “incham” o ser humano, impedindo-o de viver a lógica do reino de Deus. Mas que fardos são esses? Como exemplos, poderíamos mencionar o egoísmo, o orgulho, a riqueza – quando não posta a serviço do outro –, a ambição, o desejo de poder e de domínio. Ou seja, tudo aquilo que constitui um obstáculo à vivência do serviço, da entrega, do amor, da partilha. Tudo o que impede a adesão ao reino de Deus.
Entrar pela porta estreita é, também, ter consciência de que o acesso ao reino não é conquista, mas graça oferecida por Deus a cada dia de nossa existência, a qual temos a liberdade de aceitar ou rejeitar. De fato, nenhum ser humano tem automaticamente garantido, por decreto, o acesso ao reino; é necessário aceitá-lo, o que significa comungar dos seus valores.
Dessa forma, entende-se que entrar pela “porta estreita” é escolher o caminho de vida que cria nova história, tornando-nos verdadeiros protagonistas na construção do reino de Deus, aqui e agora.
Jorge A. Luiz, ssp
O objetivo deste periódico é celebrar a presença de Deus na caminhada do povo e servir às comunidades eclesiais na preparação e realização da Liturgia da Palavra. Ele contém as leituras litúrgicas de cada domingo, proposta de reflexão, cantos do Hinário litúrgico da CNBB e um artigo que trata da liturgia do dia ou de algum acontecimento eclesial.
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