Livros Sapienciais 8. Eclesiástico | Paulus Editora

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02/11/2018

Livros Sapienciais 8. Eclesiástico

Por Nilo Luza

Livro foi escrito em hebraico, mas traduzido depois para o grego e latim, para ser utilizado pelas comunidades gregas e latinas que viviam fora da terra da Palestina. Escrevendo um prólogo, o tradutor revelou o nome do autor, Jesus, e no final do livro o próprio autor se apresenta como Jesus Filho de Sirac (Jesus Ben Sirac), daí deriva outro nome do libro Sirácida. O nome Eclesiástico deriva do uso que era feito na comunidade, Igreja (eclesia). O Eclesiástico é um livro deuterocanônico, isto é, não incluído na Bíblia Hebraica.

O autor, provavelmente, pertencesse ao círculo de sábios javistas, que não se opunham abertamente ao helenismo. Por isso, há no livro alguns temas tradicionais, próprios do movimento pós-exílio, como a obediência à lei e à teologia da retribuição, a devoção ao templo e ao sacerdócio. Ben Sirac provavelmente vivia em Jerusalém nos inícios do segundo século AC.

O livro foi escrito na primeira metade do século segundo AC, por volta dos anos 180 a 170 AC, época da passagem do poder dos Ptolomeus (Egito) para os Selêucidas (Síria). Mas a tradução para o grego, feita pelo neto do autor, se deu em torno de 130 AC.

Poderíamos dividir o livro em três partes, além do prólogo e da conclusão (51). Primeira parte (1-23): uma coleção de sentenças do livro dos Provérbios e tem como temas principais: a sabedoria e o temor de Javé. O capítulo 24 é um hino à sabedoria. Segunda parte (25-43): é uma coleção de sentenças proverbiais. Terceira parte (44-50): o autor faz um elogio aos personagens bíblicos, contrapondo-os aos heróis gregos.

O objetivo do livro do Eclesiástico é defender o judaísmo do helenismo, embora assuma alguns elementos da cultura grega. Procura pôr em destaque os principais elementos do judaísmo: a fé, a lei, o templo. Em alguns momentos chega a defender a teologia da retribuição e ao fechamento do judaísmo universal.

Outro aspecto importante, é o “temor de Deus”. Não confundir temor com medo. Temor de Deus é ser fiel a ele, respeitá-lo e realizar sua vontade, mediante o cumprimento da lei. Temer a Deus é comprometer-se com Javé do êxodo, o Deus libertador. O estudo da lei é sinal de sabedoria e cumprimento da vontade de Deus. Acentua bastante o aspecto da lei.

O Sirácida tem muitos valores, mas devemos ter certo cuidado, pois apresenta também alguns limites, influenciados pelo helenismo. Tais como: teologia da retribuição, certa misoginia, patriarcalismo, não questiona a escravidão, trabalho manual inferior ao intelectual. Com isso, não devemos nos assustar, pois sabemos que a Bíblia é fruto também do ambiente em que foi escrita.

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