A história da salvação – da qual vimos os principais momentos/eventos no último texto – não se encerra com a encarnação do Verbo de Deus. Este é o seu momento mais alto ou, como diz o Novo Testamento, a plenitude dos tempos. Tudo aquilo que tinha acontecido antes encontra a sua completeza na assunção da natureza humana por parte do Filho de Deus.
Jesus é a Palavra definitiva do Pai. Como diz são João da Cruz, em um texto citado no Catecismo da Igreja Católica: “[…] o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d’Ele outra realidade ou novidade” (n. 65).
A história da salvação, portanto, se realiza de modo pleno no mistério da encarnação. Mas e todas as gerações de cristãos que se sucederam nos séculos não fazem parte dessa história? Pelo contrário, todos nós somos incorporados a Cristo pelo nosso batismo. Portanto, a nossa vida é vivida em Cristo e tudo o que fazemos e experienciamos continua história da salvação.
O que caracteriza a história salvífica? A ação de Deus que reconhecemos como Senhor da história. Todos nós acreditamos que o Senhor nos conduz e guia os nossos passos. Nos acontecimentos de nossa vida percebemos a ação de Deus. Na sociedade, mesmo diante da ação humana que, muitas vezes, vai totalmente contra projeto do Criador, podemos notar a mão de Deus que age sempre.
Essa ação divina acontece, de um modo muito particular, por meio da liturgia. Todas as vezes que nos reunimos como comunidade para celebrarmos a liturgia, de modo muito especial a Eucaristia, fazemos memória de tudo que Deus realizou na vida de seu povo e continua a realizar entre nós. A liturgia nos coloca em direta continuidade com todos aqueles que nos precederam.
A Eucaristia é o memorial da paixão-morte-ressurreição de Cristo. Todas as vezes que a celebramos não somente recordamos aquele momento, mas o vivemos na sua inteireza. Por isso dizemos que a liturgia é um momento da história da salvação. Quando em comunidade partimos o pão e bebemos do cálice abençoado estamos imersos no momento máximo de toda a história da salvação. Cabe a nós reconhecermos a grandeza de tudo isso que celebramos e fazer de nossa vida uma história de salvação e para todos com os quais nos relacionamos.