Igreja e Sociedade
23/02/2023
Por Érika Augusto
Com a quarta-feira de Cinzas, a Igreja dá início à Quaresma, tempo litúrgico que se estende até a quinta-feira da Semana Santa, quando se inicia o Tríduo Pascal com a celebração da Missa da Ceia do Senhor.
Trata-se de um período propício para a intensificação da oração pessoal e comunitária, e de outras iniciativas como a via-sacra, celebração penitencial, além dos exercícios quaresmais propostos pela Igreja: jejum, caridade e oração. Estas práticas visam a conversão pessoal e espiritual dos fiéis, conduzindo-os a regressar àquilo que é essencial na vida cristã.
De acordo com o Dicionário de Liturgia (PAULUS), a Quaresma deve ser um tempo de experiência mais viva da participação no mistério pascal de Cristo, não um resíduo arqueológico de práticas ascéticas de outros tempos. “Daí o seu caráter sacramental: tempo em que Cristo purifica a igreja, sua esposa. O acento cai, pois, não tanto nas práticas ascéticas, mas na ação purificadora e santificadora do Senhor. As obras penitenciais são o sinal da participação no mistério de Cristo que, por nossa causa, se faz penitente recorrendo ao jejum no deserto”, afirma.
Além do jejum de carne vermelha, é muito comum que neste tempo os cristãos optem por alguma outra forma de penitência, como diminuir o uso de celular, ficar sem acessar as redes sociais ou deixar de assistir alguma série ou programa de televisão. Certamente, estas práticas também podem ser benéficas e otimizadas se o tempo que seria empregado nestas tarefas seja convertido em algo de valor, como dedicar este período para a oração pessoal, ir à celebração eucarística, fazer alguma leitura espiritual ou praticar a caridade. Estas iniciativas auxiliam os fiéis a buscarem a conversão pessoal e vivenciarem com mais intensidade estes dias em preparação à grande festa do Senhor.
No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) convida os fiéis a refletirem sobre a Campanha da Fraternidade, que neste ano tem como tema “Fraternidade e fome” e lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14, 16). Em sua mensagem para a CF deste ano, o Papa Francisco reflete: “É meu grande desejo que a reflexão sobre o tema da fome leve não somente a ações concretas, mas também gere em todos a consciência de que a partilha dos dons que o Senhor nos concede em sua bondade não pode restringir-se a um momento, a uma campanha, a algumas ações pontuais, mas deve ser uma atitude constante de todos nós, que nos compromete com Cristo presente em todo aquele que passa fome”, pede o Santo Padre.
Que durante estes quarenta dias que nos separam da celebração da Páscoa do Senhor, os cristãos empenhem-se verdadeiramente em sua conversão, abandonando tudo aquilo que os separa de Deus e dos irmãos, e que busquem viver a caridade, através de gestos concretos e ações comunitárias em prol daqueles que passam fome e são vítimas da desigualdade, como nos convida a CF deste ano.
Uma abençoada Quaresma a todos!
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Érika Augusto
Formada em Jornalismo pela Faculdade PAULUS de Comunicação (Fapcom), pós-graduada em Assessoria e Gestão da Comunicação pelo Centro Universitário FMU.
