67. Primeira Carta a Timóteo | Paulus Editora

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11/09/2024

67. Primeira Carta a Timóteo

Por Nilo Luza

As próximas três Cartas – 1 e 2 Timóteo e Tito – são denominadas “Cartas Pastorais”, porque são dirigidas aos pastores ou líderes de comunidades. São Cartas que se encontram no “Corpo Paulino”, mas provavelmente são de algum discípulo que conhece muito bem o apóstolo e o seu pensamento. Com isso, não tira a canonicidade do escrito. Continua sendo palavra de Deus, mesmo sendo da “Escola Paulina”. Distinguem-se das ouras Cartas Paulinas porque são dirigidas a determinadas pessoas e não propriamente às comunidades. Há muitas diferenças entre estas cartas e as cartas autênticas de Paulo: estilo, linguagem, aspectos literários… Por isso, estas cartas são consideradas “dêutero-paulinas”, não da autoria de Paulo.

As três cartas formam um bloco homogêneo. São escritas a dois grandes colaboradores de Paulo, Timóteo e Tito. Timóteo e Tito são convidados a escutar, anunciar e recuperar quem se desviou da proposta de Paulo. A data de suas redações é provavelmente no início do 2º século da era cristã.

A primeira Carta de Timóteo é a primeira das três pastorais. Timóteo significa aquele que adora a Deus e foi fiel discípulo e colaborador de Paulo. Nasceu em Listra, filho de pai grego e mãe judia. Amigo convertido por Paulo. Sua mãe se chamava Eunice. Podemos esquematizar a Primeira Carta a Timóteo da seguinte forma:

1. Defesa da fé e da graça (1Tm 1,1-20): Após uma breve apresentação de Paulo a Timóteo, Paulo pede a ele para permanecer em Éfeso para revelar à comunidade que a vida cristã não se baseia em fábulas, propagadas pelos falsos mestres. O papel da lei serve para revelar o erro. Dai entra o papel da graça que é dom de Deus que, em Cristo, deseja a salvação de todos. Convida Timóteo a combater o bom combate.

2. Orientações para a conduta na comunidade (1Tm 2,1-3,16): O autor convida a rezar por todas as pessoas, Deus deseja a salvação de todos, para que cheguem a conhecer a verdade. Levando em conta o contexto social da época, as mulheres devem se enfeitar de “boas obras” e não se deixem seduzir. Os candidatos a cargos eclesiais – epíscopos e diáconos – tenham sólidas qualidades humanas. Percebemos assim certa organização das comunidades pós-paulinas.

3. A liderança de Timóteo (1Tm 4,1-5,2): O autor procura alertar Timóteo para ter cuidado com aqueles que renegam a fé. Revela que tudo o que Deus criou é bom, não tem para que condenar ao que se refere ao corpo, proibindo alimentos e pregando exageradas práticas ascéticas. O cristão sabe acolher tudo o que Deus criou. Os que têm cargos na comunidade cuidem para se tornarem modelo, tanto no comportamento como na ação, sempre perseverando na graça. O exercício do cargo é um serviço que se realiza no respeito e na solidariedade com as pessoas.

4. Conselhos para diversas categoria de fieis (1Tm 5,3-6,2): O autor aconselha o cuidado com as viúvas, que representam a categoria social mais desprotegidas. Apresenta quatro tipos de viúvas: as que “têm famílias” não necessitam de auxílios; as “verdadeiras viúvas” necessitam do auxílio da comunidade; as “viúvas idosas” são convidadas a exercer funções na comunidade; as “viúvas jovens” são exortadas a casar. Os presbíteros (anciãos) têm a missão de animar a liturgia e ensinar a Sagrada Escritura. Têm o direito de receber da comunidade o necessário para viver. A comunidade tem direito de exigir deles fidelidade.

5. Admoestações finais (1Tm 6,3-21): A piedade é a maneira prática de testemunhar o evangelho e a “sã doutrina”. O amor ao dinheiro demonstra uma “doutrina doentia”. A doutrina que segue essa prática, percorre o caminho contrário ao evangelho, à fé e à salvação. Timóteo recebe as instruções finais. Testemunhar a fé significa fugir da ambição e viver com sobriedade. Deve comportar-se como bom lutador da fé. Os ricos são convidados a partilhar seus bens com os pobres. Últimas recomendações a Timóteo: manter-se firme na fidelidade.

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