52. Evangelho segundo Mateus | Paulus Editora
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12/06/2023

52. Evangelho segundo Mateus

Por Nilo Luza

Evangelho é uma palavra grega (euaggelion) que significa boa notícia trazida por alguém. Os Evangelhos são, portanto, a boa notícia de Jesus. Com o tempo, passou a significar os quatro primeiros livros do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e João). Os três primeiros são conhecidos como evangelhos sinóticos, palavra grega que significa que apresentam a mesma ótica, são muito semelhantes, podem ser comparados um ao outro lado a lado, muitos textos se repetem nos três. Um bebe na fonte do outro.

O Evangelho atribuído a Mateus é o primeiro livro que encontramos ao abrir o Novo Testamento, mas não foi o primeiro a ser escrito. Nos primeiros séculos da era cristã, foi considerado o evangelho mais importante. Ele é a porta de entrada do Novo Testamento. Teve sua redação final entre os anos 80-90 d.C. Provavelmente a comunidade de Mateus estava localizada ao norte da Galileia. Era uma comunidade rural, como se pode perceber em algumas parábolas. Na época da redação do evangelho, os judeus que aderiram a Jesus foram expulsos das sinagogas pelos rabinos fariseus.

Mateus ou Levi foi um dos discípulos de Jesus, o evangelho foi atribuído a ele, provavelmente por ser pessoa influente na comunidade que o redigiu. Normalmente se diz que os evangelhos são frutos da elaboração da comunidade. Mateus apresenta Jesus como mestre da justiça. A comunidade foi recolhendo ditos e ensinamentos de Jesus e foi elaborando o texto como o conhecemos hoje. Quando foi feita a redação final do texto, provavelmente todos os apóstolos já estariam mortos.

A exemplo do Pentateuco (cinco livros), o Evangelho de Mateus pode ser dividido em cinco partes ou cinco livrinhos, a partir da expressão de cada parte (7,28; 11,1; 13,53;19,1; 26,1). Esses livrinhos são precedidos por uma introdução e seguidos por uma conclusão. Cada livrinho é dividido em duas partes: na parte narrativa Jesus se revela com suas ações e na parte discursiva entram os discursos de Jesus.

1. Introdução: a origem e infância de Jesus (Mt 1-2). Os dois primeiros capítulos de Mateus narram a origem de Jesus, filho de Davi e de Abraão. O Deus conosco (Emanuel) vem a nós pela ação do Espírito Santo e graças ao sim de Maria

2. A proclamação do reino de Deus (Mt 3-7). A parte narrativa é a abertura da proclamação da boa nova do reino: João Batista, batismo de Jesus, as tentações, pregação, escolhas dos seguidores (3-4). A parte discursiva apresenta o conhecido sermão da montanha (5-7).

3. Ministério e missão na Galileia (Mt 8-10). Parte narrativa apresenta as obras da justiça e da misericórdia, diversos milagres que libertam os pobres, disposição para seguir o Mestre, chamado de Mateus (8-9). Parte discursiva é o sermão da missão (10).

4. O reino provoca conflitos (Mt 11,1-13,52). A parte narrativa trata da acolhida e da rejeição do Messias, dúvidas do Batista, questão do sábado (11-12) e a parte discursiva é o ensinamento em forma de parábolas, o reino é exigente e desinstala as pessoas (13).

5. Jesus organiza o novo povo de Deus (Mt 13,53-18,35). A narrativa trata do Messias conhecido e questionado, partilha dos pães, fermento x fariseus, profissão de Pedro, transfiguração (13,53-17,27) e a narrativa traz o sermão da comunidade (18).

6. Viagem e ministério em Jerusalém (Mt 19-25). A narrativa trata dos desafios do reino de Deus, parábolas de julgamento, o problema da riqueza, algumas parábolas, o grande mandamento (19-22) e a discursiva faz um apelo para a opção pelo reino que vence as injustiças (23-25).

7. Conclusão: a páscoa da libertação (Mt 26-28). A conclusão narra o processo de julgamento e condenação de Jesus e sua ressurreição. Lutar pela justiça leva à morte, mas também gera vida para todos os que se propõem seguir o projeto de Jesus.

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